O exercício físico pode reduzir o risco de desenvolvimento de cancro da mama ao alterar a forma como os estrogénios - hormonas sexuais femininas - são "decompostos", transformando-se em "subprodutos" bons para a saúde.
O exercício físico pode reduzir o risco de desenvolvimento de cancro da mama ao alterar a forma como os estrogénios – hormonas sexuais femininas – são “decompostos”, transformando-se em “subprodutos” bons para a saúde que contribuem para prevenir o aparecimento da patologia.
A conclusão é de um grupo de investigadores norte-americanos da Universidade de Minnesota, que descobriu que as mulheres que praticam atividade física – em particular exercício aeróbico – de forma regular produzem “subprodutos” dos estrogénios diferentes daquelas que levam uma vida saudável e que é aí que pode estar o segredo da prevenção.
“Várias investigações têm sugerido que a atividade física reduz o risco de cancro da mama, mas não há estudos clínicos que expliquem o porquê. O nosso é o primeiro estudo a provar que o exercício aeróbico influencia a forma como o organismo decompõe os estrogénios para produzir uma maior quantidade das substâncias boas que diminuem a probabilidade da doença”, explica Mindy Kurzer, que coordenou o trabalho, em comunicado.
Os investigadores levaram a cabo um ensaio clínico (que recebeu o nome de Women In Steady Exercise Research – WISER) envolvendo 391 mulheres jovens, saudáveis, sedentárias e na pré-menopausa. As participantes foram divididas em dois grupos consoante a idade e o índice de massa corporal: 179 ficaram num grupo de controlo e 212 no grupo de intervenção.
As mulheres do grupo de controlo mantiveram o estilo de vida sedentário ao longo de todo o estudo, ao passo que as restantes passaram a cumprir 30 minutos diários de exercício aeróbico (moderado a vigoroso) cinco vezes por semana durante 16 semanas.
Durante o processo, os especialistas foram ajustando a intensidade do exercício às caraterísticas de cada voluntária para que o ritmo cardíaco máximo fosse uniforme entre todas as participantes. Além disso, recolheram amostras diárias de urina nos três dias antes e depois do estudo.
Mecanismo por trás do fenómeno está por descobrir
A equipa mediu, então, os níveis de três tipos de estrogénios e nove dos seus “subprodutos” – os chamados metabolitos – nas amostras de urina, tendo observado que aquelas que se exercitavam regularmente produziam mais 2-OHE1 e menos 16alpha-0HE1, o que aparece associado à redução do desenvolvimento de cancro da mama. Nos casos em que não existiu prática de exercício, não houve alterações.
“O exercício, que, como sabemos, melhora a aptidão física e a saúde do coração, também ajuda, portanto, a prevenir o cancro da mama, alterando o metabolismo do estrogénio”, afirma Kruzer, defendendo, porém, que “é muito importante decifrar os mecanismos biológicos por trás deste fenómeno”.
O seguimento do estudo, publicado na revista científica Cancer Epidemiology, Biomarkers & Prevention, da American Association for Cancer Research, vai passar pela realização de ensaios semelhantes em mulheres com elevado risco de desenvolver a doença, que contarão com a colaboração de especialistas da Universidade da Pensilvânia.
Clique AQUI para aceder ao estudo (em inglês).