Esta é a primeira vez que peças com estas características surgem em Portugal, uma vez que outros objetos idênticos tinham sido apenas identificados no sul de Espanha.
De acordo com a Agência Lusa, as escavações que se têm desenvolvido naquela localidade têm levado à descoberta de muito marfim. As estatuetas destacaram-se por serem datadas de meados do 3º milénio antes de Cristo, o que equivale a cerca de 4.500 anos a.C.
António Valera, arqueólogo envolvido nos trabalhos, adiantou que as descobertas foram feitas num local “praticamente no centro do complexo”, onde tinham sido “depositados restos de cremações humanas”. Estes dados indicam que as peças de cerâmica encontradas podem estar relacionadas com rituais de morte.
O arqueólogo frisou, ainda, que existem cerca de oito ou nove estatuetas que se destacam dos outros objetos por revelarem uma grande padronização, apresentado sempre figuras semelhantes. “Não podemos ter a certeza do que é”, explica António Valera, mas refere que “tradicionalmente estas figuras são tratadas como espécies de ídolos ou representações de uma personagem divina”.
A equipa admite, porém, que as peças poderão ter outro significado. Em vez da representação de uma divindade, podem querer fazer referência ao estatuto social ou caracterizar indivíduos concretos, sendo difícil saber ao certo qual a interpretação a retirar das figuras.
De um modo geral, as estatuetas representam um “corpo humano muito realista”, nalguns casos com um bastão nas mãos, e noutros sem aquele adereço complementar. António Valera revelou que algumas peças foram encontradas já fragmentadas, possivelmente devido ao facto de terem sido queimadas juntamente com os restos humanos.
O Complexo Arqueológico dos Perdigões tem 16 hectares e está integrado numa herdade da empresa vinícola Esporão S. A.. O local começou a ser escavado em 1997, depois de terem sido descobertos vestígios arqueológicos que cessaram a instalação da vinha.
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