Uma equipa de cientistas norte-americanos "curou" um paciente com leucemia com recurso a uma forma desativada do vírus do HIV, causador da SIDA. Marshall Jensen entrou em remissão graças a uma técnica que ensina o vírus matar o cancro.
Uma equipa de cientistas norte-americanos “curou” um paciente com leucemia com recurso a uma forma desativada do vírus do HIV (vírus da imunodeficiência humana, VIH na sigla em português), causador da SIDA. Marshall Jensen, de 32 anos, entrou em remissão graças a uma técnica com células T que reprograma o vírus e o ensina a matar o cancro.
De acordo com o jornal regional KSL, do Utah, estado norte-americano de onde Jensen é natural, o homem foi diagnosticado com leucemia linfoblástica aguda em 2012, pouco depois de ter casado com a atual esposa e de ter sido pai.
Durante três anos, Jensen e a família viajaram pelos EUA em busca de cirurgias, tratamentos e procedimentos que pudessem combater a doença, mas o cancro acabava sempre por voltar.
Foi então que descobriu o trabalho de Carl June e de um grupo de investigadores do instituto Penn Medicine, que há duas décadas trabalha no desenvolvimento de um tratamento experimental que elimina as células cancerígenas em pacientes com leucemias consideradas incuráveis.
“Pareceu-me certo. Não sabíamos como íriamos chegar lá, o que íriamos fazer, mas funcionou. Graças a Deus, consegui voltar”, contou Jensen, que regressou recentemente a casa e foi recebido com uma enorme celebração organizada pelos vizinhos, ao KSL.
Marshall Jensen com a mulher e Carl June, o médico responsável pela criação da terapia que o ajudou a entrar em remissão
Vírus desativado é programado para matar células doentes
O tratamento desenvolvido por Carl June e os colegas tem caraterísticas inovadoras, utilizando o vírus do HIV para combater a leucemia. “É um vírus desativado, mas mantém uma peculiaridade essencial do HIV, que é a capacidade de inserir novos genes nas células”, explica o investigador.
No decurso da terapia, milhões de células T são retiradas do corpo do paciente, sendo levadas para o laboratório, onde o seu ADN é alterado com recurso a uma forma inofensiva do HIV. As células modificadas, que, deste modo, ficam programadas para reconhecer e matar o cancro, voltam depois a ser colocadas no organismo do doente.
Segundo June, estas novas células, que descreve como “assassinas em série”, mantèm-se adormecidas a menos que o cancro regresse. Até ao momento, 12 pacientes já foram submetidos ao tratamento e nove deles estão em remissão completa ou parcial.
O próximo passo dos investigadores é utilizar a terapia genética para combater outros cancros, estando já planeados, para o próximo ano, ensaios clínicos com pacientes com cancro do pâncreas.
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