“Os nossos líderes pediram-nos para partilhar os sacrifícios. Mas quando cobraram o pedido, pouparam-me a mim. Falei com os meus amigos mega-ricos para saber que sacrifícios estavam a viver. Mas também eles permaneceram intocáveis”, salientou Buffet na introdução do seu artigo intitulado “Parem de mimar os super-ricos”.
“Enquanto os pobres e a classe média lutam por nós no Afeganistão e a maioria dos norte-americanos luta para pagar as despesas, nós, mega-ricos, continuamos com as nossas extraordinárias isenções fiscais”, escreveu Buffett.
Durante o debate ocorrido, no final de julho, no Congresso norte-americano, sobre o aumento do limite da dívida pública, os líderes políticos democratas pediram um “sacrifício partilhado” entre todas as classes.
No entanto, para desbloquear as negociações e evitar que os Estados Unidos entrassem em falência a 2 de Agosto, o Partido Democrata e o Presidente Barack Obama cederam à pressão dos republicanos de renunciar a aumentar os impostos sobre os rendimentos mais altos e as empresas mais lucrativas.
Depois deste artigo de Buffet, o presidente Obama já veio a público reforçar a necessidade de aplicar impostos mais justos sobre as fortunas dos milionários, criticando também o proteccionismo que os republicanos têm dedicado a esta classe.
“Ganhamos milhões de dólares por dia”
“Alguns de nós somos gestores de fundos de investimento e ganhamos milhões de dólares por dia, mas é-nos permitido classificar os ganhos como 'rendimentos de juros'”, que são taxados com apenas 15 por cento, afirmou Buffett.
Com “bênçãos” como estas, Buffett admite que, no ano passado, declarou em rendimentos mais de 6,9 milhões de dólares (cerca de 4,8 milhões de euros ao câmbio actual), o que implica uma tributação de 17,4 por cento, enquanto os trabalhadores foram tributados numa média de 36 por cento.
Buffett refere que os seus amigos bilionários são “em geral pessoas muito decentes”, pelo que “muitos não se importariam de pagar mais impostos, particularmente quando muitos dos seus compatriotas estão a sofrer”. “Chegou a hora de o nosso Governo ser sério sobre a partilha dos sacrifícios”, acrescenta Buffett.
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