A leitura de livros em formato digital não substituiu a dos livros impressos. Quem o diz é um estudo português, de âmbito internacional, segundo o qual a Internet deu origem a uma mudança no paradigma da leitura, mas sem nunca alterar o domínio do pa
A leitura de livros em formato digital não substituiu a dos livros impressos. Quem o diz é um estudo português, de âmbito internacional, segundo o qual a Internet deu origem a uma mudança no paradigma da leitura, mas sem nunca alterar o domínio do papel sobre o digital.
Com início em 2011, a investigação foi levada a cabo pelo Centro de Investigação e Estudos de Sociologia (CIES) e tem por base um inquérito feito em 16 países diferentes, incluindo Portugal. O objetivo foi perceber “o que significa ler” na atualidade e como é que os utilizadores da Internet lêem em papel e em digital.
Em Portugal, a existência de adeptos do formato digital é ainda “incipiente” quando comparada com os restantes países inquiridos, segundo avança a agência Lusa. Falando em números, apenas dez por cento dos inquiridos portugueses disseram ter lido mais de oito livros em formato digital ao longo do último ano, enquanto que a média global ronda os trinta por cento.
O objetivo do estudo era “mapear a mudança”, por forma a perceber “como é que as pessoas estão a ler hoje, por via de terem adotado, como forma de leitura, os ecrãs”. Igualmente importante era entender “as tendências de transformação que estão a atingir as bibliotecas”.
As principais conclusões vão ser apresentadas esta segunda-feira na Conferência Internacional de Educação, a ter lugar na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, por Gustavo Cardoso. O investigador, no entanto, adiantou à LUsa que, em Portugal, “quem está no setor livreiro joga à defesa” no que diz respeito a investimento ao livro digital, não havendo uma “estratégia comum a todos os editores”.
Segundo o mesmo, o inquérito permitiu ainda concluir que a leitura em digital, em múltiplos suportes – desde telemóveis, 'tablets', computadores e smartphones – continua a coexistir com o papel. Os principais objetos de leitura são livros, jornais, textos em blogues, correio eletrónico e mensagens partilhadas em redes sociais.
Além disso, quem lê mais em digital é também quem lê mais em papel e aqueles que dizem ler livros em formato digital têm um maior nível de escolaridade, associando o prazer da leitura mais aos livros em papel do que em digital.
Os dados permitem ainda verificar que ler livros e jornais em digital é uma atividade tão individualizada quanto a leitura em papel e que os leitores do digital valorizam, por exemplo, a possibilidade de aceder a um motor de busca para pesquisas.
O inquérito foi realizado em parceria com a Fundação Calouste Gulbenkian e contou com a participação de países como China, Índia, Estados Unidos, Reino Unido, Espanha, Brasil, México, África do Sul, Egito e Austrália.