Estar e, sobretudo, viver perto do mar é benéfico para a saúde. A conclusão é de um estudo desenvolvido pela Universidade de Exeter, em Inglaterra, que revela que a proximidade do oceano é capaz de reduzir o stress e de potenciar o exercício.
Estar e, sobretudo, viver perto do mar é benéfico para a saúde. A conclusão é de um estudo desenvolvido pela Universidade de Exeter, em Inglaterra, que revela que a proximidade do oceano é capaz de reduzir o stress e de potenciar a prática de exercício físico, tendo efeitos diretos ao nível do bem-estar individual.
Os resultados da investigação foram apresentados a semana passada pela epidemiologista Lora Flaming, a coordenadora do estudo, durante uma conferência da American Geophysical Union, que sublinha que, se a noção de que estar perto do mar é benéfico para a saúde já é antiga, só recentemente os cientistas começaram a estudá-la aprofundadamente.
Numa das experiências realizadas durante o estudo, adianta o portal LiveScience, os participantes observaram fotografias de oceanos, campos e cidades e foram questionados acerca de quanto pagariam por um quarto de hotel com cada uma dessas vistas. Os cientistas constataram que os voluntários estavam dispostos a pagar mais caso o hotel tivesse vista para o mar.
Lora Fleming, Matthew White e os colegas analisaram, também, dados de censos realizados em Inglaterra para compreender de que forma a proximidade da costa afeta a saúde das pessoas e concluíram que aqueles que viviam mais perto do mar relataram uma melhor saúde e qualidade de vida.
Embora seja possível supor que estes benefícios se devem ao facto de quem tem casas junto à praia ter, por norma, mais posses e, consequentemente, melhor acesso à saúde, os cientistas garantem que não é esse o caso, porque os efeitos positivos mostraram ser maiores entre as comunidades com menor poder socioeconómico.
A equipa avaliou ainda os efeitos de uma mudança para uma casa perto da costa, concluíndo que a mesma “melhora significativamente [em cerca de 1/10] o bem-estar dos indivíduos”, uma melhoria equivalente à causada por encontrar um novo emprego, revelou White durante a conferência. De acordo com a equipa, a melhoria pode estar associada à redução do stress e ao incentivo ao exercício físico proporcionado pela paisagem.
Exposição ao mar poderá ser forma de terapia
Os investigadores estão agora a efetuar testes em laboratório para estudar os efeitos fisiológicos da vida costeira. Um dos testes consiste, por exemplo, em fazer com que pessoas em situações de stress (como uma cirurgia dentária) olhem para uma praia virtual ou, em alternativa, para o verdadeiro local onde estão.
Os ensaios clínicos estão a decorrer mas os resultados preliminares sugerem que os indivíduos relatam menos dor quando estão 'mergulhados' numa paisagem balnear. Segundo Fleming, estas conclusões indicam que a exposição ao mar poderá vir a ser usada como uma forma de terapia.
Falta ainda compreender, no entanto, se os benefícios da proximidade do mar são idênticos em todas as faixas etárias, qual é a “dose” ideal de exposição ao oceano e por quanto tempo os benefícios na saúde se prolongam.
Além disso, é importante considerar a forma como o crescimento das comunidades circundantes pode afetar o ambiente, já que “não seria muito bom se todos começassem a mudar-se para a praia”, conclui o co-autor do estudo.