Um grupo de cientistas europeus conseguiu fazer com que ratos paraplégicos reaprendessem a andar. Esta aprendizagem resultado de um tratamento que combina o estímulo da espinal medula e o suporte robótico.
Um grupo de cientistas europeus conseguiu fazer com que ratos que tinham os membros inferiores paralisados reaprendessem a andar. O anúncio foi feito esta quinta-feira, sendo esta aprendizagem resultado de um tratamento que combina o estímulo da espinal medula e o suporte robótico.
O trabalho desenvolvido por especialistas da Universidade de Zurique e do Instituto Federal de Tecnologia da Suíça demonstrou, igualmente, que as conexões entre o cérebro e a espinal medula dos roedores aumentaram quatro vezes depois do tratamento, o que abre esperanças para uma futura aplicação em humanos.
De acordo com o autor do estudo, publicado na revista científica americana Science, o sucesso da terapia residiu no facto de a equipa ter conseguido fazer com que os ratos participassem na sua própria reabilitação.
“Uau, eu andei!”
“Inicialmente, o animal esforça-se e é muito difícil”, explicou Grégoire Courtine, também presidente da Fundação Paraplégica Internacional (IRP) e diretor do departamento de tratamento de lesões na espinal medula da Escola Politécnica Federal de Lausanne, em declarações à AFP. “Depois, consegue andar primeira vez e fica surpreendido. Ele olha para nós como se dissesse: “Uau, eu andei!”, contou o especialista.
O tratamento a que os roedores foram submetidos combina um estímulo eletroquímico da espinal medula, que imita os sinais que o cérebro normalmente envia para dar início ao movimento dos membros, e um equipamento de reabilitação que ajuda os ratos a levantarem-se.
Os ratos conseguiram colocar-se de pé com a ajuda desta armadura robótica que, embora não os faça mover-se para a frente, estabiliza-os, evitando que andem de lado e dando-lhes a possibilidade de andar sem cair.
Percentagem muito elevada de sucesso
Como forma de os incentivar a avançar foi colocado um pedaço de chocolate à sua frente. Em pouco tempo, os animais foram capazes de dar alguns passos e, depois de cerca de duas a três semanas, as suas habilidades aumentaram e os roedores já subiam escadas e conseguiam desviar-se de obstáculos e correr voluntariamente.
“Obtivemos uma percentagem muito elevada de sucesso com estes animais. Em todos os animais que tratámos, observámos sempre a recuperação do movimento voluntário”, salientou Courtine, acrescentando que a análise envolveu mais de 100 ratos de laboratório.
O cientista frisou que “em alguns animais [o resultado foi fraco] mas noutros foi espetacular”. De acordo com Courtine, a equipa espera dar início aos testes em humanos com recurso a esta técnica nos próximos dois anos.
[Notícia sugerida por Sofia Baptista e Diana Rodrigues]