Foi anunciada na segunda-feira a descoberta, em Florença, em Itália, de vestígios de uma obra inacabada que poderá ter sido pintada pelo renascentista Leonardo da Vinci.
Foi anunciada na segunda-feira a descoberta, em Florença, em Itália, de vestígios de uma obra inacabada que poderá ter sido pintada pelo renascentista Leonardo da Vinci.
Os fragmentos da pintura foram encontrados através de micro sondas que perscrutaram uma obra de um outro pintor, Vasari, pintada sobre uma das paredes que cobre a construção original do famoso Salão dos Quinhentos do Palzzo Vecchio, sede da Câmara Municipal da cidade.
Os especialistas julgam que a tinta encontrada pode ser a mesma utilizada por Da Vinci para pintar La Gioconda. “A composição de magnésio e ferro encontrada no pigmento preto foi identificada exclusivamente nas pinturas de Leonardo, explicou Marizio Seracini, impulsionador da investigação, à AFP.
O também professor de História da Arte da Universidade de San Diego disse, no entanto, que a pesquisa “não foi conclusiva” e deve ser prosseguida. “Embora estejamos apenas em uma fase preliminar e exista muito trabalho a ser feito para resolver o mistério, as evidências sugerem que vamos pelo bom caminho”, explicou.
À Reuters, o vice-presidente da National Geographic Society Terry Garcia, que financiou a pesquisa, assegurou que ” com historiadores da arte e cientistas combinando evidência histórica e tecnologia, esta equipa de pesquisa solucionou um mistério de mais de 500 anos”.
Fresco estará escondido por baixo de uma obra de Vasari
Suspeita-se que os vestígios corresponderão a um fresco encomendado a Leonardo da Vinci pelo rei de França no século XVI, para celebrar a vitória da República de Florença sobre os milaneses numa batalha que ocorreu nas planícies de Anghiari, em Junho de 1440.
O projeto foi abandonado pelo pintor italiano após um ano de trabalho, mas permaneceram os seus estudos preparatórios, assim como cópias feitas por outros artistas.
Após 50 anos, Giorgio Vasari restaurou a sala e recebeu ordens para pintar sobre o projeto inacabado de Da Vinci um novo fresco intitulado “A Batalha de Marciano”.
Alguns historiadores acreditam que Vasari não queria destruir a obra anterior, pelo que mandou construir uma nova parede, apenas a alguns centímetros de distância da primeira, para a preservar.
“Os dados das análises químicas, embora não sejam conclusivos, sugerem a possibilidade de que a pintura da Vinci, que há muito tempo acreditavam ter sido destruída em meados do século XVI… pode existir por trás de Vassari”, disseram os organizadores à AFP.
Descoberta gera polémica entre historiadores
A pesquisa tem sido alvo de uma grande controvérsia entre especialistas de arte. Cerca de uma centena de historiadores assinaram um manifesto, afirmando que esta se trata de “uma operação publicitária ao estilo Dan Brown” (autor do best-seller O Código Da Vinci). Acreditam ainda que a utilização das micro sondas para a descoberta possam danificar o trabalho de Vasari, pintado em 1563.
À BBC, o historiador de arte Tomaso Montanari, um dos mentores do manifesto contra a investigação, mostrou a sua insatisfação e incredulidade nos resultados.
“O que é que eles querem dizer quando afirmam que a descoberta é compatível com Leonardo? Pode ser qualquer quadro do Renascimento. Qualquer coisa daquela época pode ter sido pintada naquela parede, o que falta aqui é uma equipa científica neutra com autoridade para avaliar isto”, acrescentou.
No entanto, Seracini contra-argumenta sublinhando que o próprio Vasari deixou uma pista tentadora na sua pintura sobre a obra escondida de Leonardo, com uma inscrição numa bandeira sustentada por um dos soldados, na qual ser pode ler “Cerca Trova” (procura, encontra).
[Notícia sugerida por Rita Correia, Vítor Fernandes e Raquel Baêta]
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