por Patrícia Maia
O objetivo é apostar na exportação para países onde este marisco chega a valer 80 euros ao quilo mas também incentivar o consumo interno deste alimento.
Nas sessões de ‘showcooking’ deste fim-de semana, que decorreram no Hotel Vila Galé, os participantes tiveram oportunidade de experimentar diversos pratos de ouriço-do-mar, preparados por ‘chefs’ de renome, como António Alexandre, do Lisbon Marriott Hotel, ou Carlos Collado, da Le Cordon Bleu de Madrid.
O 'chef' Carlos Collado, da Le Cordon Bleu de Madrid, preparou um prato com puré de ouriço e ovo de codorniz © Endògenos
Luís Inácio explica que, no ouriço-do-mar, só se deve comer as 'ovas', que na realidade não ovas mas sim os órgãos reprodutores dos ouriços e que estão presentes tanto nos machos como nas fêmeas. “Quando comemos as 'ovas' sentimos uma explosão de sabor a mar”, afirma.
As ovas são as tiras laranjas que se encontram dentro de todos os ouriços. No macho, este órgão funciona como esperma e na fémea como óvulos que, ao serem expelidos, são fecundados fora de água dando origem a um ovo de onde nasce a larva.
O empresário sublinha que as ovas estão sempre presentes nos ouriços mas avisa que a “altura ideal para as consumir é durante os meses com ‘R’”. “Fora desse período as ovas são muito aguadas”, acrescenta.
No domingo, os visitantes tiveram oportunidade de visitar o viveiro que foi reativado e onde crescem os ouriços-do-mar adultos que vieram dos tanques © Endògenos
Aliás, um dos objetivos do projeto de Luís e Patrícia “passa por criar vários ciclos todas as semanas para podermos fornecer ovas com qualidade durante todo ano todo”. Nos tanques onde garantem a reprodução das crias, Luís e Patrícia já têm “vários ciclos reprodutivos a decorrer simultaneamente, graças ao controlo da alimentação, das temperaturas e da luz”.
As sessões de 'showcooking' do Hotel Vila Galé tiveram casa cheia © CMF
O projeto dos viveiros começou há dois anos e Luís Inácio admite que a produção ainda é reduzida. “Mas já abastecemos restaurantes locais e de lisboa, bem como alguns restaurantes de sushi a nível nacional”, salienta, acrescentando que o objetivo é, em breve, reativar mais viveiros e apostar numa maior escala de produção para começar a exportar.
Esta aposta na criação de ouriços-do-mar poderá ainda incentivar outras áreas de investigação, uma vez que há já estudos, em Portugal, que exploram as propriedades dos ouriços, por exemplo a nível cosmético e ambiental.