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Ensaio clínico revela potencial terapêutico do sangue do cordão umbilical no tratamento do autismo

Uma em cada mil crianças portuguesas em idade escolar é autista
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por redação

Um ensaio clínico, conduzido por um grupo de investigadores da Universidade de Duke (EUA), revelou que a infusão autóloga (transplante no próprio indivíduo) de sangue do cordão umbilical (SCU) pode aliviar os sintomas associados às Perturbações do Espectro do Autismo (PEA), provavelmente através da regulação de processos inflamatórios ao nível cerebral. Os resultados do ensaio acabam de ser publicados na revista científica Stem Cells Translational Medicine.

O estudo, de fase 1, incluiu 25 crianças, com idades entre os dois e os seis anos, com diagnóstico confirmado de PEA e que tinham SCU criopreservado num banco de células estaminais. As crianças foram sujeitas a avaliações comportamentais e funcionais, imediatamente antes da infusão de SCU e aos seis e 12 meses após a mesma. Durante os 12 meses, confirmou-se que o tratamento era seguro e bem tolerado, tendo sido observadas melhorias significativas ao nível da comunicação, comportamento social e sintomas do autismo, nas classificações clínicas da severidade dos sintomas e no grau de melhoria, nas medidas padronizadas de vocabulário expressivo e nas medidas objetivas da atenção das crianças aos estímulos sociais. As evoluções comportamentais observadas nos primeiros seis meses, após a infusão, mantiveram-se aos 12 meses, sendo mais significativas nas crianças que inicialmente tinham maior QI não‑verbal.

“Atualmente, os tratamentos farmacológicos disponíveis para as PEA dirigem-se apenas aos sintomas associados, como a irritabilidade, não atuando sobre os sintomas principais. Assim, há uma grande necessidade de tratamentos mais eficazes para estas patologias. Este ensaio clínico vem sugerir uma nova abordagem terapêutica para o tratamento das PEA, ao mostrar que a infusão autóloga de SCU está associada a melhorais comportamentais significativas em crianças com PEA, contribuindo para uma melhoria funcional global nestes casos pediátricos”, defende Carla Cardoso, Investigadora na área das células estaminais.

Entre as PEA, o autismo é a patologia mais comum. A sua incidência tem vindo a aumentar em todo o mundo, atingindo atualmente cerca de 60 em cada dez mil crianças, com maior prevalência no sexo masculino. Em Portugal, estima-se que a doença afete uma em cada mil crianças em idade escolar.

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