Pela primeira vez, um grupo de cientistas concluiu, através de um estudo feito na Tailândia, que, à semelhança dos humanos, os elefantes são animais empáticos, consolando-se mutuamente em situações de medo, ansiedade ou angústia.
Pela primeira vez, um grupo de cientistas concluiu, através de um estudo feito na Tailândia, que, à semelhança dos humanos, os elefantes são animais empáticos, consolando-se mutuamente em situações de medo, ansiedade ou angústia com gestos que podem ser considerados o equivalente a um abraço ou um aperto de mão.
O estudo em causa, liderado por Joshua Plotnik, professor e investigador nas universidades de Cambridge, em Inglaterra, e Mahidol, na Tailândia, e fundador da organização não-governamental Think Elephants International, insere-se num conjunto de projetos dedicados ao estudo da inteligência dos elefantes, da cooperação ao auto-reconhecimento.
De acordo com os investigadores, até ao momento, os cientistas conseguiram identificar sinais de empatia e consolação apenas entre os primatas, os cães e algumas espécies de corvos. Agora, os elefantes vêm juntar-se a este grupo restrito, tornando-se um elemento particularmente interessante do mesmo devido “à sua inteligência e complexidade social”.
“Normalmente, os cientistas estudam duas formas de resolução de problemas: a reconciliação (que se debruça sobre o modo como os agressores e as vítimas fazem as pazes depois de um confronto) e a consolação (que diz respeito ao modo como observadores não envolvidos diretamente numa situação confortam as vítimas”, explica Plotnik em entrevista ao blogue da revista científica PeerJ, que publicou o estudo.
“Curiosamente, a reconciliação é relativamente mais comum no reino animal, ao passo que o hábito de consolar os pares da mesma espécie é significativamente raro”, salienta Plotnik, que, em conjunto com os colegas, observou um total de 26 elefantes asiáticos em cativeiro na Tailândia.
Os especialistas estudaram de que forma “os elefantes interagiam uns com os outros em situações de ansiedade ou medo”. Segundo o coordenador da investigação, concluiu-se que “os elefantes assimilavam o estado emocional dos companheiros, tocando-lhes com a tromba e emitindo sons que parecem ser idênticos aos comportamentos que se observam noutras espécies”.
Elefantes podem estar a par dos primatas em empatia
“Quando vemos um amigo chorar, temos tendência a ir para perto dele e abraçá-lo. A nossa expressão facial muda e a tristeza é partilhada por nós. Os chimpanzés, por exemplo, abraçam as vítimas das lutas e tocam a face uns dos outros como forma de conforto”, explica Plotnik.
“De acordo com o que sabemos, este é o primeiro estudo a analisar a presença desta empatia nos elefantes e sugere que o comportamento social destes animais, altamente complexo, pode mesmo estar a par do dos primatas”, acrescenta.
O líder do estudo afirma esperar que as conclusões da investigação colaborem para aumentar a necessidade de preservar os elefantes, que correm sérios riscos de extinção devido aos números da caça ilegal.
“Os elefantes são uma daquelas espécies magistrais que todas as crianças admiram e todos os adultos recordam, mas estamos a perdê-los a um ritmo tão alarmante que é possível que as próximas gerações cresçam sem que estes animais existam em estado selvagem”, lamenta.
Segundo Plotnik, “os humanos são uma espécie assinalável, com uma inteligência assinalável, mas definitivamente não estão sozinhos na capacidade de pensar e sentir”. É, portanto, importante “ensinar os mais jovens acerca do comportamento dos elefantes para que possam olhar criticamente para os problemas que estes enfrentam mas para que se relacionem com eles enquanto seres inteligentes”.
O próximo passo da investigação passará por alargar os estudos ao nível da cognição nos elefantes, tentando apurar de que forma estes “pensam” sobre os ambientes físicos e sociais em que vivem através de experiências controladas.
Clique AQUI para aceder ao estudo publicado na PeerJ (em inglês).
Notícia sugerida por Maria da Luz