Milhares de egípcios continuam a celebrar, este sábado, a vitória sobre o regime do presidente Hosni Mubarak, que sexta-feira renunciou depois de passar 30 anos no poder. Os manifestantes afirmam o sentimento de renascimento no primeiro dia de uma nova era. Os líderes mundiais aplaudem a renúncia de Mubarak e exigem transição política pacífica e transparente
As ruas do Cairo continuam lotadas de manifestantes, sobretudo com jovens que iniciaram a revolta popular através da internet e conseguiram propagar as manifestações a toda a sociedade egípcia, que protestou contra o regime de maneira incessante durante 18 dias até a renúncia de Mubarak.
“É uma festa! Renascemos”, afirmou Osama Tufic Sadallah, um engenheiro agrícola de 40 anos, citado pela AFP.
“Estávamos atrás dos outros países, mas agora temos valor aos olhos dos outros, do mundo árabe”, completou.
Com 80 milhões de habitantes, o Egito é o maior país do mundo árabe e uma potência regional. Mas 20% de sua população vive abaixo da linha da pobreza, ao mesmo tempo que as liberdades política e religiosas foram reduzidas durante décadas de regime autocrático.
Mundo elogia mudança e pede por democracia
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, afirmou, ontem, que a renúncia de Hosni Mubarak marca o início de um novo capítulo na história do país, que ele acredita que será difícil, porém mais democrática.
“O dia de hoje pertence ao povo do Egito. Foi a força moral da não-violência, e não o terrorismo, não os assassinatos negligentes, que curvou o arco da história”, afirmou o presidente.
O presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, saudou a decisão do Presidente egípcio, Hosni Mubarak, de “ouvir as vozes do povo egípcio” e resignar ao cargo, e instou o exército a atuar de forma responsável no processo de transição que se segue.
Também os dirigentes da Alemanha, França e Inglaterra elogiaram a renúncia do ex-presidente, afirmando que um novo futuro se aproxima para o povo egipcio onde, esperam, a democracia seja a prioridade.
No território palestino ocupado de Gaza, Sami Abu Zuhri, porta-voz do Movimento Islâmico de Resistência (Hamas), saudou a queda de Mubarak como “o começo da vitória da revolução egípcia. Essa vitória é o resultado dos sacrifícios e da determinação do povo egípcio”.