E se fossem os ecrãs de computadores, 'tablets' ou telemóveis a "usar óculos" em vez dos utilizadores? Pode parecer estranho, mas este conceito está mais perto da realidade graças a algoritmos que compensam a falta de visão.
E se fossem os ecrãs de computadores, 'tablets' ou telemóveis a “usar óculos” em vez dos utilizadores que têm problemas oculares? Pode parecer estranho, mas este conceito está mais perto da realidade graças a uma tecnologia desenvolvida por cientistas da Universidade da Califórnia – Berkeley (UC Berkeley), nos EUA, que é capaz de compensar a falta de visão dos indivíduos.
Os especialistas daquela instituição norte-americana estão a trabalhar na criação de algoritmos que podem ser usados em ecrãs que corrigem a falta de visão, adequando-se às necessidades dos olhos de cada um e permitindo aos indivíduos ler textos e ver imagens com clareza sem precisar de usar óculos ou lentes de contacto.
Em comunicado, a UC Berkeley explica que esta solução tem potencial para ajudar centenas de milhões de pessoas em todo o mundo que, atualmente, têm de utilizar lentes corretivas para conseguir aceder aos seus 'smartphones, 'tablets' ou computadores e mesmo aquelas cujos problemas oculares são tão graves que não podem ser corrigidos com óculos.
O algoritmo desenvolvido pela universidade funciona através do ajuste da intensidade de cada direção da luz que emana de cada pixel de uma imagem, baseando-se no problema específico de cada utilizador. Através de um processo denominado “deconvolução”, a luz é emitida de forma a que o indivíduo veja uma imagem nítida.
“A nossa técnica distorce as imagens [originais] de modo a que, quando o utilizador olha para o ecrã, elas apareçam nítidas para aquela pessoa em particular. Porém, se outro indivíduo olhar para a imagem, ela vai parecer-lhe má”, explica Brian Barsky, coordenador do projeto, apresentado recentemente na revista científica Computer Graphics.
De acordo com Barsky, “em certos casos, [a falta de visão] pode ser uma barreira ao desempenho de determinadas funções, já que muitos trabalhadores precisam de olhar para um ecrã no emprego”. “Esta investigação pode transformar a vida dessas pessoas e estou apaixonado por esse potencial”, afirma o cientista.
© UC Berkeley
O mais recente protótipo de um ecrã, instalado num iPod comum (como mostra a imagem acima), que corrige a falta de visão, foi desenvolvido pela UC Berkeley em parceria com Gordon Wetzstein e Ramesh Raskar, do Massachussets Institute of Technology (MIT), também nos EUA, e vai ser apresentado no próximo mês durante uma conferência internacional em Vancouver, no Canadá.
“A importância do nosso projeto prende-se com o facto de, em vez de recorrermos à ótica para corrigir a visão, utilizarmos a computação”, frisa Fu-Chung Huang, engenheiro de software que é coautor da investigação. “Trata-se de um tipo muito diferente e não intrusivo de correção”, realça o cientista.
Segundo Huang, o próximo objetivo da equipa é conseguir fazer “uma correção múltipla num ecrã partilhado, de forma a que utilizadores com diferentes problemas visuais possam ver o mesmo ecrã e ter acesso a uma imagem nítida”.
Veja abaixo um vídeo (em inglês) que explica o funcionamento da tecnologia desenvolvida nos EUA.
Clique AQUI para aceder ao estudo (em inglês).
Notícia sugerida por António Resende