Saúde

Ébola: Sérum experimental pode ter salvo duas vidas

Um sérum experimental pode ter salvo da morte dois norte-americanos infetados com o vírus do Ébola. As histórias de Kent Brantly e Nancy Writebol aumentam a esperança de que possa haver uma cura para a epidemia.
Versão para impressão
Um sérum experimental pode ter salvo da morte dois norte-americanos infetados com o vírus do Ébola. As histórias do médico Kent Brantly, que entretanto já regressou aos EUA, e da missionária Nancy Writebol, que voltará esta terça-feira para o país natal, ambos ao serviço da organização humanitária Samaritan's Purse, aumentam a esperança de que possa haver uma cura para a epidemia. 
 
Em comunicado, a Samaritan's Purse revela que Brantly and Writebol receberam, cada um, ainda na Libéria, uma dose do medicamento e que o médico também recebeu uma tranfusão de sangue de um rapaz de 14 anos que sobreviveu à doença graças aos seus cuidados.
 
“O jovem e a sua família quiseram ajudar o médico que lhe salvou a vida”, explica Franklin Graham, presidente da associação, que acrescenta que todos “agradecem a Deus pelo facto de [os voluntários] estarem vivos e já terem acesso aos melhores cuidados de saúde do mundo”. 
 
De acordo com informações exclusivas da CNN, uma hora depois de lhe ter sido administrado, por via intravenosa, este sérum, a condição de saúde de Kent Brantly melhorou dramaticamente, com a respiração a a tornar-se mais fácil e as erupções cutâneas a desaparecerem. Um dos seus médicos, citado pela cadeia televisiva dos EUA, afirma mesmo que a evolução foi “milagrosa”. 


O tratamento melhorou dramaticamente o estado de saúde de Kent Brantly (à direita), infetado enquanto cuidava de doentes com o vírus. © Samaritan's Purse
 

A CNN adianta que o fármaco experimental em questão se chama ZMapp e foi desenvolvido por uma empresa de biotecnologia, a Mapp Biopharmaceutical Inc., com sede no estado norte-americano da Califórnia. Embora o tratamento nunca tivesse sido testado em humanos, os dois voluntários foram informados de que o mesmo tinha mostrado resultados promissores em macacos e, sem outras hipóteses, decidiram arriscar.
 
Com efeito, revela a mesma fonte, documentos da companhia, dão conta de que quatro macacos infetados com o vírus sobreviveram depois da administração deste medicamento 24 horas após a infeção e que dois outros também resistiram mesmo sendo tratados apenas 48 horas depois de contraírem o vírus. Um macaco não tratado, por seu lado, morreu após cinco dias de exposição ao Ébola. 
 
O tratamento em causa consiste na administração, contra a infeção, de “anticorpos monoclonais”, ou seja, que utilizam proteínas manufaturadas para prevenir que o vírus alastre a novas células e que já foram, também, utilizados para o combate a outras doenças, entre as quais o cancro. 
 
Apesar do sucesso observado – pelo menos, até ao momento – nestes dois casos, os especialistas internacionais alertam para a importância de serem tomadas decisões em consciência e de o mundo não se deixar levar pelo desespero que está a ser desencadeado por este surto de Ébola.
 
Gregory Hartl, da Organização Mundial de Saúde, chamou, através de uma comunicação ao público, a atenção para o facto de “as autoridades não poderem começar a utilizar fármacos não testados no decurso de um surto por várias razões”. 
 
Uma posição semelhante foi assumida pela organização Médicos Sem Fronteiras. “É importante manter em mente que a administração em larga escala de tratamentos e vacinas que estão ainda em fases muito precoces de desenvolvimento tem uma série de implicações científicas e éticas”, frisaram os responsáveis, em comunicado. 

Os casos de Brantly e Writebol são somente dois dos exemplos do surto brutal que está a espalhar-se pela Libéria, a Serra Leoa e a Guiné e que tem infetado centenas de pessoas a uma velocidade nunca antes testemunhada. A doença carateriza-se por grandes hemorragias internas, tem uma taxa de mortalidade de 60% a 90% e já ceifou mais de 725 vidas, segundo dados da OMS. 
 
Em 30 anos (entre 1976 e 2008), o vírus do Ébola infetou 2.232 pessoas em aldeias remotas de África e matou 1.503. Só desde o inicio deste ano, quase um terço do mesmo número de vidas perdidas em três décadas já foramroubadas pela doença, que se infiltrou nas três cidades africanas, cada uma com população de vários milhões. 

Notícia sugerida por David Ferreira

Comentários

comentários

Etiquetas

PUB

Live Facebook

Correio do Leitor

Mais recentes

Passatempos

Subscreva a nossa Newsletter!

Receba notícias atualizadas no seu email!
* obrigatório

Pub

Este site utiliza cookies. Ao navegar no site estará a consentir a sua utilização. Saiba mais aqui.

The cookie settings on this website are set to "allow cookies" to give you the best browsing experience possible. If you continue to use this website without changing your cookie settings or you click "Accept" below then you are consenting to this.

Close