A Tapada Nacional de Mafra acaba de anunciar o nascimento, pela terceira vez em quase um quarto de século, de duas novas crias de águias-de-Bonelli, descendentes de um casal de aves da espécie que há mais de 21 anos vive no parque florestal.
A Tapada Nacional de Mafra acaba de anunciar o nascimento, pela terceira vez em quase um quarto de século, de duas novas crias de águias-de-Bonelli, descendentes de um casal de aves da espécie, caraterizada pela sua plumagem escura que contrasta com o branco da parte interior do corpo e com uma mancha alva dorsal, que há mais de 21 anos escolheu a Tapada para viver.
Em comunicado enviado ao Boas Notícias, a Tapada Nacional de Mafra revela que o ponto escolhido pelas aves para nidificar está situado na zona mais alta daquela área verde, mais especificamente no topo de um pinheiro-manso, um local onde a família de águias encontra “a serenidade, o isolamento e a alimentação adequados” para o desenvolvimento das crias.
“Existem na Tapada mais de 60 espécies de aves que são representativas da fauna desta floresta que importa preservar e proteger, mas o casal Bonelli é sempre encarado de forma particular porque corresponde a uma espécie em perigo em Portugal e de conservação prioritária na União Europeia”, explica Alda Mesquita, diretora da Tapada Nacional de Mafra.
Segundo a responsável, “a descoberta de duas crias, um duplo nascimento que vem contrariar a natividade habitual de apenas uma águia por ano, é motivo de enorme satisfação, porque indica que os progenitores continuam a possuir, na Tapada Nacional de Mafra, as condições apropriadas para procriar e, pela terceira vez em 21 anos, para o incremento do seu processo reprodutivo”.
Alda Mesquita destaca que “o cumprimento rigoroso das medidas de gestão do território que visam a proteção da espécie Bonelli” tem sido “uma aposta constante da equipa da Tapada”, defendendo que “há que continuar a garantir a manutenção do seu estatuto de conservação e assegurar a permanência destas aves de rapina neste parque florestal”, já que “esta floresta possui um ambiente único que permite a sua reprodução com uma elevada taxa de êxito”.
“Na Tapada Nacional de Mafra, a família Bonelli tem uma percentagem reprodutiva superior quando comparada com a taxa de nascimentos ocorrida nas restantes regiões portuguesas, onde são escassos os nascimentos anuais”, conclui a diretora do parque florestal.
As informações veiculadas pela Tapada adiantam que este casal de águias pode ser observado por toda a Tapada mas, por vezes, seguir o seu pairar pode ser difícil. No entanto, os sinais da sua presença, como plumagem perdida e restos de alimentos, bem como o ritmo de vida dos dois exemplares desta espécie tão rara em Portugal – existem menos de 200 pares em território nacional – são claros e podem ser vistos e sentidos um pouco por toda a área verde.
Este mês passou também a ser possível ver as crias, com três meses de vida, a ensaiar os primeiros voos e, à volta do ninho, são já observados restos de alimentos variados. De acordo com a Tapada, “a partir de Setembro ou Outubro o casal de águias começa a preparar o novo ciclo de reprodução e, como tal, as jovens Bonelli terão de encontrar um novo território”.
Quando tal acontecer, acrescenta o comunicado do parque florestal, as crias serão já juvenis, de seis meses, com aproximadamente meio metro de comprimento e envergadura de asas entre 1,5 m e 1,8 metros.
Notícia sugerida por Patrícia Guedes