A análise foi levada a cabo no “Lab Love” da Universidade de Washington, nos Estados Unidos, em duas fases separadas por seis anos.
Na primeira fase os casais (recém-casados) foram ligados a elétrodos enquanto respondiam a questões sobre os seus relacionamentos – como se conheceram, que conflitos estavam a enfrentar juntos e que memórias positivas partilhavam.
À medida que a conversa decorria, os elétrodos registavam dados como a pressão arterial, ritmo cardíaco e suor produzido pelos intervenientes. Os casais também foram monitorizados enquanto realizavam tarefas do dia-a-dia juntos.
A segunda fase, seis anos mais tarde, levou os investigadores a retomar contacto com os mesmos 130 casais para perceberem se ainda continuavam juntos.
Mestres ou desastres em relações ?
No fim da primeira fase, e com base nos dados registados pelos elétrodos, os investigadores classificaram os casais em dois grupos distintos: mestres ou desastres.
Enquanto que na segunda fase os casais-mestre permaneceram juntos e felizes, os resultados revelaram-se diferentes nos casais-desastre, que se encontravam ou separados ou juntos (mas infelizes).
Apesar dos casais-desastre se mostrarem calmos durante as entrevistas, os dados recolhidos pelos elétrodos mostravam o contrário: os casais desta categoria apresentavam ritmo cardíaco acelerado, glândulas de suor ativas e fluxo sanguíneo rápido.
Em jeito de contraste, os “mestres” revelavam poucos estímulos fisiológicos – fisicamente estavam mais calmos e apresentavam comportamentos mais afetuosos, incluindo em cenários de discussão.
Os investigadores descobriram uma relação longitudinal entre a atividade psicológica e a longevidade das relações: quanto mais ativos fisicamente estivessem, mais depressa as relações se deterioravam com o tempo.
Os casais-desastre apresentavam fortes estímulos físicos, como se estivessem numa situação de perigo ou ameaça (“fight-or-flight mode”). Para esses casais, um simples diálogo seria equiparado a uma situação de sobrevivência.
Estas reações fisiológicas não foram verificadas em casais-mestre, onde o clima de confiança e intimidade proporcionava maior conforto emocional e físico.
Interesse e atenção
A generosidade é fundamental num relacionamento, segundo as conclusões. A escolha do tom de resposta, mesmo em questões rotineiras, é decisiva para o futuro e qualidade das relações.
Uma resposta num tom bondoso pode transmitir mais interesse pelos gostos do parceiro, fortalecendo a conexão entre ambos. Pelo contrário, responder num tom indiferente ou agressivo transmite desinteresse. São estas interações do quotidiano que determinam a longevidade e o bem-estar do matrimónio.
Os casais que se divorciaram após o acompanhamento de seis anos tinham devolvido o interesse pelas questões dos parceiros apenas em 33% das ocasiões. Só três em cada dez propostas de conexão emocional foram recebidas com intimidade.
Já os casais que ainda estavam juntos apresentavam índices de interesse em 87% das ocasiões: nove em cada dez vezes correspondiam às necessidades emocionais dos parceiros.
A conclusão é que os dois ingredientes podem salvar uma relação, em particular se aplicados diariamente, mesmo em pequenas doses.