A tradicional colónia de férias da Fundação "O Século" vai regressar em 2013 com crianças de todo o país e dormidas nas suas instalações, o que não acontecia há dois anos por falta de verbas graças a um donativo de 100 mil euros de um empresário.
A tradicional colónia de férias da Fundação “O Século” vai regressar em 2013 com crianças de todo o país e dormidas nas suas instalações, o que não acontecia há dois anos por falta de verbas. O resgate da tradição será possível graças a um donativo de 100 mil euros que um empresário português decidiu fazer ao tomar conhecimento da situação.
“Não é todos os dias que se recebem donativos destes. É óbvio que estamos satisfeitos. Vamos cumprir aquilo a que nos comprometemos, que é fazer a colónia de férias, nos moldes em que foi criada”, disse Emanuel Martins, presidente da instituição, à agência Lusa.
A Fundação “O Século” vai receber o montante esta sexta-feira ao fim da manhã e, embora já não vá a tempo de salvar a colónia deste ano, a doação vai permitir manter a colónia que, criada em 1927 pelo jornal com o mesmo nome – à data batizada “Colónia Balnear Infantil” – proporcionou férias de Verão a milhares de crianças portuguesas, muitas das quais nunca tinham sequer ido à praia.
Este ano, a colónia não se realizou devido a dificuldades financeiras e, já em 2011, a Fundação só levou à praia cerca de 200 crianças, todas das zonas próximas, para que pudessem ir dormir a casa, um número que contrasta com as cerca de 1.000, com idades entre os seis e os 12 anos, que costumavam participar na iniciativa.
Empresários portugueses “têm de ser solidários”
Contactado pela Lusa, Paulo Paiva dos Santos, o empresário responsável pelo donativo, defendeu que “uma colónia de férias que se realiza desde 1927 não pode morrer assim”, lamentando que, em Portugal, não seja cultivado o sentimento de solidariedade. “Os empresários têm de se habituar, de uma vez por todas, que têm de ser solidários”, salientou.
Paiva dos Santos, fundador de duas empresas na área farmacêutica, fez ainda questão de dizer que o donativo será feito “a título pessoal e não como empresário” e frisou que “não é a grandeza do valor do donativo que importa, mas sim a atitude”. “Não é preciso ter dinheiro, mas vontade de dar e de deixar de ser egoísta”, concluiu.
Com exceção do período do pós 25 de Abril de 1974, quando a actividade esteve parada por motivos políticos, esta foi a primeira vez que a Fundação não realizou a colónia de férias. A partir de 1943, com o financiamento a tornar-se difícil, a Feira Popular – nascida como uma feira internacional de amostras – passou a financiar as férias das crianças carenciadas.
Só em 1998 surgiu a Fundação “O Século”, criada para prosseguir e desenvolver a obra social da Colónia Balnear Infantil. Além da colónia de férias e do acolhimento de crianças em risco, a Fundação tem outras valências como uma creche, um pré-escolar, um ATL e assistência domiciliária a idosos.