Um grupo de cientistas britânicos diz ter conseguido desvendar a causa genética da leucemia, traçando o seu desenvolvimento desde a vida no útero. Os investigadores analisaram a sequência completa de ADN de dois gémeos idênticos.
Um grupo de cientistas britânicos diz ter conseguido desvendar a causa genética da leucemia, traçando o seu desenvolvimento desde a vida no útero. Os investigadores do Institute of Cancer Research, em Londres, analisaram a sequência completa de ADN de dois gémeos idênticos para revelar o que desencadeia a doença.
De acordo com a BBC, estes especialistas esperam agora que a descoberta, publicada na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS) possa conduzir à criação de novos fármacos para combater a patologia desde a origem.
Mel Greaves, o coordenador do estudo, e os seus colegas, decidiram estudar gémeos idênticos, que partilhavam o mesmo ADN herdado dos pais. Os dois irmãos tinham ambos a forma mais comum de leucemia em crianças – a leucemia linfoblástica aguda, um tipo de cancro nos glóbulos brancos – que tinham desenvolvido aos quatro anos.
Atualmente, os cientistas sabem que diversas falhas nos genes estão associadas à leucemia e que determinados fatores ambientais podem contribuir para desencadear o problema, mas, até ao momento, a sequência de eventos que conduz até ao diagnóstico não é clara.
Além disso, embora, na maioria dos casos, a leucemia linfoblástica aguda seja curável, as terapias utilizadas podem causar efeitos secundários desagradáveis e, muitas vezes, severos, pelo que a equipa liderada por Greaves estava empenhada em encontrar um tratamento mais eficaz e menos violento.
O trabalho dos investigadores do Institute of Cancer Research sugere que uma mutação genética comum em pacientes com leucemia – a ETV6-RUNX1 – pode ser o primeiro passo para o desenvolvimento da doença.
Apenas uma mutação genética partilhada pelos gémeos
Através da comparação de amostras de medula óssea dos dois gémeos numa fase tardia da infância, os especialistas encontraram essa mutação genética em ambos, mutação que poderá ter surgido num deles quando estavam ainda no útero e sido transmitida ao irmão pela placenta.
No total foram encontradas 22 mutações genéticas, mas nenhuma outra, além da ETV6-RUNX1, era partilhada pelos dois gémeos, pelo que devem ter vindo a acumular-se depois do nascimento com a progressão da doença, dizem os responsáveis pelo estudo.
“Fomos capazes de sequenciar todo o genoma humano. [Este trabalho] disse-nos, pela primeira vez, que esta é a mutação-chave que dá início a todo o processo de desenvolvimento da leucemia. As outras mutações deverão ter acontecido após o nascimento”, explica Greaves, citado pela BBC.
Para Julie Sharp, da organização Cancer Research UK, “estudos como este podem ajudar a revelar novos meios para 'atacar' as raízes do cancro e ajudar a compreender a sua evolução ao longo do tempo”.
Clique AQUI para aceder ao resumo do estudo (em inglês).