Uma equipa internacional de astrónomos acaba de anunciar a descoberta do primeiro planeta semelhante à Terra a orbitar a sua estrela a uma distância que torna possível a existência de água em estado líquido à superfície.
Uma equipa internacional de astrónomos acaba de anunciar a descoberta do primeiro planeta semelhante à Terra a orbitar a sua estrela a uma distância que torna possível a existência de água em estado líquido à superfície. Batizado Kepler-186f, o planeta está localizado a cerca de 500 anos-luz e é o mais parecido com o nosso encontrado até hoje.
Em comunicado, a Universidade da Pensilvânia, nos EUA, uma das instituições envolvidas na descoberta, explica que a deteção deste corpo celeste confirma, pela primeira vez, a existência de planetas com dimensões como as da Terra na zona habitável de estrelas que não apenas o Sol.
Isto porque, embora outros planetas tenham já sido encontrados na zona habitável das suas estrelas, todos eles são pelo menos 40% maiores do que a Terra. “O Kepler-186f é, provavelmente, o planeta mais semelhante à Terra já descoberto”, afirma Eric Ford, professor de astronomia e astrofísica daquela universidade e um dos autores do estudo publicado na revista Science onde se dá conta deste achado.
Porém, salienta o cientista, a equipa sabe já que há diferenças entre as realidades dos dois planetas. “O Kepler-186f orbita uma estrela com cerca de metade da massa do Sol, o que significa que a mesma é muito mais fria e que a maior parte da luz que emite chega sob a forma de radiação infravermelha e não de luz visível”, descreve.
“Mesmo que as propriedades físicas [deste planeta] fossem exatamente iguais às da Terra, não sabemos, por enquanto, se seria possível ou não que se estabelecesse vida num planeta com estas caraterísticas e em que medida esta vida poderia diferenciar-se da que existe no nosso”, aponta o docente da Universidade da Pensilvânia.
Veja uma animação desenvolvida pela NASA que representa o sistema planetário Kepler-186, onde se insere o novo planeta, localizado na constelação Cisne a 500 anos-luz da Terra.
© NASA Ames/SETI Institute/JPL-Caltech
Segundo Ford, que admite que há ainda muito a desvendar em relação a este planeta, “o Kepler 186-f tem um raio que é apenas cerca de 10% superior ao da Terra e está localizado confortavelmente na 'zona habitável' [da sua estrela], o que significa que a sua temperatura pode permitir a existência de água em estado líquido à superfície”.
“Não sabemos qual a massa do planeta mas, com base na observação de planetas semelhantes deste tamanho, suspeitamos que seja idêntica à da Terra”, acrescenta o cientista, realçando que esta é uma possibilidade surpreendente, uma vez que poderá significar que se trata de um planeta rochoso, o 'habitat' ideal para a vida como a conhecemos.
Também a atmosfera do Kepler 186-f continua a ser um mistério. “Ainda não sabemos o quão densa é a atmosfera e de que é composta, pelo que não podemos garantir que temperatura se faz sentir à superfície”, nota o astrónomo, sublinhando que é necessário observar mais a fundo esta descoberta para confirmar que se trata de um planeta rochoso.
Ou seja, embora se trate de um achado “excitante”, a deteção deste planeta, com recurso ao Telescópio Espacial Kepler, da NASA, é apenas a ponta do icebergue de muitas outras descobertas ainda para vir, antecipa Ford.
“Nos próximos anos, vamos continuar a descobrir planetas cada vez mais semelhantes à Terra. Vamos encontrar pequenos planetas que orbitam estrelas mais brilhantes e mais próximos da Terra, o que permitirá que sejam estudados em mais detalhe”, estima o especialista.
Clique AQUI para aceder ao resumo do artigo publicado na Science (em inglês).