Foi descoberto, na Escócia, o mais antigo calendário do mundo. O achado, localizado em Aberdeenshire em 2004, deverá datar de 8.000 a.C. e constitui um sinal importante do início da construção formal do tempo.
Foi descoberto, na Escócia, o mais antigo calendário do mundo. O achado, localizado em Aberdeenshire em 2004 e que foi, recentemente, alvo de um estudo desenvolvido por universidades britânicas, deverá datar de 8.000 a.C. e, segundo os especialistas, constitui um sinal importante do início da construção formal do tempo e da própria história.
De acordo com as equipas envolvidas no estudo, coordenadas por investigadores da Universidade de Birmingham, em Inglaterra, este “calendário” terá sido criado por sociedades de caçadores-recoletores, fazendo parte de um monumento mesolítico descoberto há quase 10 anos e que foi estudado em pormenor.
Os resultados da investigação foram, em Julho, publicados na revista científica Internet Archaeology e, adianta um comunicado daquela universidade, trazem novas conclusões acerca deste dispositivo.
O sistema orientaria os indivíduos através da Lua e do Sol e é anterior em cerca de 5.000 anos aos primeiros equipamentos utilizados para medir formalmente o tempo conhecidos pelo Homem, encontrados na região conhecida como Oriente Próximo.
Até agora, os arqueólogos acreditavam que os primeiros calendários tivessem sido criados na Mesopotâmia mas, ao longo de quase uma década de estudos, acabaram por descobrir que o monumento criado pelos caçadores-recoletores em Aberdeenshire há cerca de 10.000 anos parece “imitar” as fases da Lua de forma a registar os eventos lunares durante 12 meses.
Segundo a equipa, o sítio arqueológico de Warren Field, onde foi descoberto o calendário, tem também em consideração o Solstício de Inverno, que fornece a “correção astronómica anual” necessária para manter uma ligação entre a passagem do tempo, indicada pela Lua, o ano solar e as estações do ano que lhe estão associadas.
“O local onde o próprio tempo foi criado”
“As evidências que encontrámos sugerem que as sociedades de caçadores-recoletores da Escócia tinham a necessidade e a sofisticação necessária para registar a passagem do tempo e corrigir as variações sazonais do ano lunar e que isto aconteceu cerca de 5.000 anos antes dos primeiros calendários”, explica Vince Gaffney, coordenador do estudo e professor da Universidade de Birmingham.
“Consequentemente, os dados que recolhemos ilustram um passo importante no sentido da construção formal do tempo e da própria história”, acrescenta Gaffney.
O sítio arqueológico foi descoberto pela primeira vez depois de terem sido detetadas marcas invulgares no terreno através de fotografias aéreas captadas pela Royal Comission on the Ancient and Historical Monuments of Scotland (RCAHMS).
“Temos tirado fotografias da paisagem escocesa ao longo de 40 anos e registado milhares de sítios arqueológicos que nunca teriam sido detetados no terreno. O sítio de Warren Field, no entanto, sobressai como algo especial. É incrível pensar que o nosso 'censo aéreo' poderá ter ajudado a encontrar o local onde o próprio tempo foi criado”, afirma David Cowley, daquela comissão escocesa.
Clique AQUI para aceder ao resumo do estudo (em inglês).
Notícia sugerida por David Ferreira