O gene que controla a produção da proteína Shank3 foi mutado num grupo de ratos de laboratório. “O que observámos é que os ratinhos com Shank3 mutado exibem comportamentos repetitivos, mostram altos níveis de ‘ansiedade’ e evitam o contacto social com outros ratinhos”, explicou ao jornal Público a investigadora Cátia Feliciano.
Espera-se que esta descoberta leve à criação dos primeiros medicamentos eficazes no controlo do autismo, explica João Peça, outros dos investigadores lusos envolvidos no estudo, já publicado na revista Nature.
“Em termos de tratamento será agora importante identificar se efectivamente disfunções no striatum [área do cérebro mais afetada nos animais analisados] são um ponto em comum no autismo. Um dos principais focos da nossa investigação será perceber como modular este circuito”, acrescenta.
A equipa de especialistas vai prosseguir a investigação em ratos de laboratório, estando ainda algo distante a possibilidade de replicá-la em humanos.
Segundo a Federação Portuguesa de Autismo, por cada 10 mil pessoas, 10 têm autismo e 2,5 têm síndroma de Asperger. Estudos desenvolvidos em Portugal apontam para números semelhantes [dados referentes a 2006].
As perturbações do espectro do autismo incluem uma série de distúrbios, como deficiências na comunicação e ao nível das interacções sociais, interesses restritivos e comportamentos repetitivos.
[Notícia sugerida pela utilizadora Raquel Baêta]