Uma das maiores necrópoles do período Islâmico em Portugal com 250 esqueletos foi descoberta em Beja, nas obras de modernização da Escola Secundária Diogo de Gouveia, revelou esta quinta-feira a coordenadora dos trabalhos arqueológicos.
“Esta necrópole é, certamente, uma das maiores encontradas no país”, garantiu à Agência Lusa Raquel Santos, que coordena a equipa da Neoépica, empresa que está a efetuar a arqueologia preventiva associada às obras.
Os trabalhos decorrem desde novembro de 2009 e a necrópole tem estado a ser escavada pelos arqueólogos, no âmbito das obras de modernização da Escola Secundária Diogo de Gouveia (Liceu de Beja), a cargo da Parque Escolar.
“A escavação acompanhou a obra em si e temos várias áreas intervencionadas, quer no exterior, quer no interior do edifício da escola. Os vestígios da necrópole islâmica são os que saltam mais à vista”, realçou Raquel Santos.
Os arqueólogos já encontraram, até agora, enterramentos correspondentes a “250 indivíduos, de ambos os sexos, maioritariamente adultos, mas também crianças e jovens”.
“A maior parte é do período islâmico, em que os indivíduos eram enterrados de lado, mas há alguns enterramentos cristãos, em que os mortos foram deitados de costas”, acrescentou.
A coordenadora acrescentou a que a necrópole deverá conter “ainda mais” enterramentos, mas essa área não vai ser intervencionada.
“Os 250 descobertos até agora deverão ser o nosso número final e vão ficar guardados em depósito”, faltando definir se será junto do Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico (IGESPAR) ou do município de Beja, disse.
O local onde se encontra a necrópole islâmica será “novamente tapado”, para que as obras possam avançar, revelou também Raquel Santos, referindo que, além destes vestígios, foram encontradas mais estruturas arqueológicas no espaço da escola.
Vários silos, com “dois ou três metros de profundidade” e que serviam para guardar alimentos, assim como estruturas muros e, eventualmente, de habitações são outros dos vestígios, alguns deles de “épocas mais modernas”, mas cujo período cronológico exato ainda não foi estabelecido, explicou a responsável.