Assinala-se, esta segunda-feira, o Dia Mundial Contra a SIDA. Sem a necessidade de uma data especifica, porém, no Centro Médico Dentário da Abraço, mais de 35 dentistas voluntários tratam, gratuitamente, da saúde oral a 1.284 seropositivos.
Assinala-se, esta segunda-feira, o Dia Mundial Contra a SIDA. Sem a necessidade de uma data especifica, porém, no Centro Médico Dentário da Abraço, mais de 35 dentistas voluntários tratam, gratuitamente, da saúde oral a 1.284 pacientes seropositivos, realizando, em média, 170 consultas por mês.
Desde 2006, ano em que abriu portas, o Centro Médico Dentário da associação portuguesa de apoio a cidadãos com VIH/SIDA já realizou 17.000 atos clínicos, proporcionando cuidados fundamentais a um grupo onde estes são particularmente importantes.
“A higiene e a saúde oral têm uma influência importantíssima na saúde” e implicações ao nível do VIH e de muitas outras doenças, explica, em declarações à agência Lusa, o diretor clínico do centro, Marcos Veiga.
Segundo o responsável, os seropositivos “têm uma suscetibilidade aumentada a uma panóplia de patologia oral que é importante vigiar e diagnosticar precocemente para que tenha o mínimo de consequências sobre a saúde”.
Embora, há cerca de três anos, tenha sido criado um cheque-dentista para os seropositivos, os utentes continuam a procurar os serviços médicos da associação, revela Marcos Veiga.
“Os hospitais continuam a enviar-nos os seus doentes, o que demonstra de uma certa forma que os médicos infeciologistas reconhecem que um centro dedicado poderá prestar aos doentes cuidados de muita qualidade”, congratula-se o dentista da Abraço.
Discriminação na saúde está a diminuir gradualmente
O empenho do centro, porém, não chega, muitas vezes, para evitar o aparecimento de situações complicadas, já que o diagnóstico precoce apenas é possível em utentes que já estão a ser acompanhados na Abraço.
“A generalidade das pessoas chega-nos com um estado de saúde oral bastante precário que é fruto da realidade do Serviço Nacional de Saúde não providenciar cuidados de qualidade a nível de saúde oral”, lamenta o diretor clínico, acrescentando que as dificuldades financeiras se têm constituído, também para os pacientes, como um obstáculo crescente.
“Infelizmente, nos últimos anos, temos sentido que a taxa de absentismo tem subido ligeiramente, o que está relacionado com dificuldades cada vez maiores a nível financeiro”, nota, referindo-se ao facto de cada vez mais pessoas faltarem às consultas dentárias por não terem dinheiro para os transportes.
“É a realidade que vivemos no nosso país e que é difícil de contornar”, admite, acrescentando, também, que a discriminação continua a existir, “o que é lamentável”, mas que têm sido feitos progressos.
“Eu penso que a discriminação a nível dos cuidados de saúde está a melhorar”, uma situação para a qual terá contribuído o trabalho que as faculdades têm feito nesse sentido, finaliza.