O Banco de Sangue Veterinário (BSV) do hospital da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Técnica de Lisboa é o único do género no país. A funcionar em pleno desde outubro de 2008, conta já com mais de 100 dadores, entre eles cães, gatos e
O Banco de Sangue Veterinário (BSV) do hospital da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Técnica de Lisboa é o único do género no país. A funcionar em pleno desde outubro de 2008, conta já com mais de 100 dadores, entre eles cães, gatos e também alguns cavalos.As instalações do BSV foram construídas de raíz no hospital, para garantir a existência de todas as condições necessárias a um trabalho rigoroso. Todos os procedimentos clínicos – desde a recolha de amostras à separação de componentes sanguíneos e análise dos mesmos – são realizados no local.
Os critérios a que os animais dadores devem corresponder não diferem muito dos que se aplicam aos dadores humanos: situação clínica, idade e peso são fatores cruciais.
“Cães e gatos têm que estar desparasitados, vacinados e devem ter idades compreendidas entre um e oito anos. Os gatos devem ter mais de 3,5 quilos e os cães devem ter mais de 15 quilos”, explica a Professora Constança Pomba, diretora técnica do BSV, ao Boas Notícias. Para inscrever um animal como dador bastará contactar a faculdade veterinária [ Tel. 21 365 2800] e marcar uma consulta.
“Por solicitação dos colegas [de faculdade] da medicina equina”, a equipa do BSV começou também a fazer separação de componentes sanguíneos de cavalos. Ainda é um trabalho em fase de arranque, mas já existem “dadores prontos”.
Quando os resultados dos exames clínicos possibilitam o donativo de sangue, é importante que os donos dos animais não lhes permitam ingerir alimentos 12 horas antes da colheita. Também a ingestão de água deve ser evitada nas quatro horas anteriores, já que os animais são sedados – o correspondente a uma “anestesia muito ligeira” – para garantir a sua imobilidade e a ausência de dor durante o processo.
“A colheita de sangue nos animais requer um trabalho de grupo muito coordenado”, sublinha a Professora Constança Pomba, cuja equipa conta com mais quatro elementos: a Drª. Joana Gomes e a Drª. Marisa Ferreira, clínicas do hospital, e os estagiários Dr. Nuno Leitão e Drª. Cátia Marques. “O bem-estar animal é uma das nossas preocupações – não só dos dadores, mas também daqueles que beneficiam dos donativos de sangue”, diz a diretora técnica do BSV.
“Dar sangue é dar vida”
A atividade do BSV tem vindo a crescer, com “cada vez mais dadores”, mas também graças aos protocolos institucionais firmados com a Fundação Francisco de Assis, detentora de um canil e gatil em Cascais, com a Câmara Municipal de Almada e com as Forças Armadas portuguesas, em particular a Força Aérea.
Periodicamente, 15 dos cães que integram o núcleo cinotécnico da Força Aérea portuguesa são levados ao BSV pelos respetivos treinadores para a colheita de sangue. “As Forças Armadas têm também um papel muito importante de solidariedade”, lembra a Professora Constança Pomba, acrescentado que a colaboração “incansável” da Força Aérea Portuguesa com o BSV “mostra um lado diferente do que estamos habituados a ver das Forças Armadas”.
Já entre a Fundação Francisco de Assis, sob a direção técnica do Dr. Vieira Lopes, e a Câmara Municipal de Almada, a equipa do BSV pretende promover a adoção de animais dadores de sangue. “As pessoas beneficiam ao ter o animal integrado no programa [do BSV], porque além de estarem a fazer uma boa ação, um dia também terão prioridade no banco de sangue caso precisem de um dador”, refere a Professora Constança Pomba.