O filme “Água Fria”, do jornalista e realizador português Pedro Neves, ganhou o prémio para melhor curta-metragem da Europa no Filmets Badalona International Film Festival, que decorreu este mês nos arredores de Barcelona. Esta é a quarta distinção internacional do filme.
O prémio foi confirmado ao Boas Notícias pelo realizador Pedro Neves, que se mostrou satisfeito por esta e pelas outras distinções que o filme tem recebido. “É muito bom, é o reconhecimento de um trabalho difícil e ingrato que foi financiado com meios próprios”, explica, confessando que “não esperava uma reação tão positiva”, a nível internacional, para um filme “tão português”.
A curta-metragem, com uma duração de quase 14 minutos e produzida em 2011 pela Red Desert Films, parte da romaria de São Bartolomeu do Mar, em Esposende, para fazer um retrato de uma certa portugalidade, onde “o sonho e a esperança se afundam em festas e romarias, num percurso entre o sagrado e o profano”, explica Pedro Neves (na foto).
“As desilusões ajudam os pés a entrar na água fria. São como sussurros indiferentes a música distorcida que ecoa na praia. As desilusões que fazem este povo pedir aos céus o que não alcança em terra. Quantos são os sonhos que não se ousam sonhar?”, diz o narrador no 'trailer' desta curta-metragem documental.
Esta é a quarta distinção que a película conquista no estrangeiro, após as menções honrosas nos festivais de Martil (Marrocos), no Documenta Madrid e no Festival Internacional de Curtas-Metragens de Barcelona.
A curta-metragem de Pedro Neves tem feito um percurso fulgurante por dezenas de festivais de cinema um pouco por todo o mundo. Foi selecionada para o Festival Internacional de Curtas-Metragens de Lille (França), para o festival de Clermont-Ferrand, (também em França), passou por Vila do Conde, pelo DocLisboa, pelo Festival de curtas de Belo Horizonte (Brasil), pelo Festival Internacional de Guadalajara (México), pelo Festival Regards Sur Le Court Métrage (Quebec, Canadá) e pelo Mecal – Festival de Curtas de Barcelona, entre outros.
Pedro Neves, nascido em Leiria em 1977, estreou-se na sétima arte com o documentário “A Olhar o Mar” (2008), sobre uma pequena vila piscatória situada na margem esquerda do Rio Douro, produzido pela Alfândega Filmes. Seguiu-se “Os Esquecidos” (2009), sobre gente que tropeçou na desilusão, na privação, na perda, na angústia, e “Desencontros”, um filme encomendado pela Rede Europeia Anti-pobreza.
Neste momento, o realizador está já a trabalhar na pré-produção de três novos trabalhos: duas longas-metragens, uma sobre a vida das mulheres ciganas e outra, “Mar Bravo“, sobre a costa portuguesa e a relação do nosso povo com o mar, e uma curta documental sobre jovens pugilistas.
[Notícia sugerida por Alexandra Maciel e Maria Manuela Mendes]