Cientistas britânicos e norte-americanos anunciaram, esta semana, ter descoberto a potencial causa da asma, o que poderá traduzir-se numa cura para esta e outras patologias respiratórias atualmente incuráveis já nos próximos cinco anos.
Cientistas britânicos e norte-americanos anunciaram, esta semana, ter descoberto a potencial causa da asma, o que poderá traduzir-se numa cura para esta e outras patologias respiratórias – como a bronquite crónica ou a doença pulmonar obstrutiva crónica – já nos próximos cinco anos.
A origem da doença poderá estar, de acordo com um estudo publicado na quarta-feira na revista científica Science Translation Medicine, associada ao papel até agora desconhecido desempenhado pelo receptor sensível ao cálcio extracelular (CaSR, na sigla em inglês), cuja ativação provoca os sintomas que levam à dificuldade dos pacientes em respirar.
Para chegar a esta conclusão, os investigadores da Universidade de Cardiff, no País de Gales, em colaboração com uma equipa do King's College London, em Inglaterra, e da Mayo Clinic, nos EUA, estudaram modelos de ratinhos com asma e tecido das vias respiratórias humanas de indivíduos com e sem esta patologia.
Além de destacar a descoberta a importância do CaSR nas manifestações da doença, o estudo sublinha, também, a eficácia de uma classe específica de fármacos – os calcilíticos – capazes de manipular este recetor de forma a que todos os sintomas relacionados com a asma – desde o estreitamento das vias respiratórios, aos espasmos e à inflamação – sejam revertidos.
Embora tenham sido desenvolvidos, há cerca de 15 anos, com vista ao tratamento da osteoporose (no qual acabaram por não ser eficazes), estes compostos são considerados clinicamente seguros e bem tolerados pelos pacientes, o que significa que o seu propósito poderá vir a ser renovado para administração em doentes asmáticos e que a sua aprovação pelas autoridades responsáveis pode ser mais rápida do que o habitual.
“As nossas descobertas são incrivelmente entusiasmantes. Pela primeira vez, encontrámos uma associação entre a inflamação das vias respiratórias, que pode ser causada por gatilhos ambientais como os alérgenos, o fumo do tabaco ou os gases emitidos pelos automóveis, e os espasmos que acontecem na asma alérgica”, explica, em comunicado, a principal autora do estudo, Daniela Riccardi, investigadora da Faculdade de Biociências da Universidade de Cardiff.
Segundo Riccardi, a investigação demonstra “de que forma estes gatilhos libertam químicos que conduzem à ativação do CaSR nos tecidos das vias respiratórias, provocando os sintomas da asma”. “Com o uso de calcilíticos administrados diretamente nos pulmões através de nebulizadores, provamos que é possível desativar este recetor e prevenir todos os sintomas”, garante a cientista.
Doença afeta cerca de 300 milhões de pessoas
Para a autora do estudo, estes resultados podem significar que, em poucos anos, a cura para a asma poderá ser uma realidade. “Se conseguirmos provar que os calcilíticos são seguros quando administrados diretamente nos pulmões em humanos, dentro de cinco anos poderemos estar em posição de tratar pacientes e, potencialmente, de evitar, de início, o desenvolvimento da asma”, antevê Riccardi.
Os cientistas acreditam que, para além da asma, a identificação do CaSR nas vias respiratórias tem um potencial “imenso” para permitir o tratamento de outras doenças inflamatórias como é o caso da doença pulmonar obstrutiva crónica e a bronquite crónica, para as quais, atualmente, não existe cura.
Hoje em dia, a asma afeta cerca de 300 milhões de pessoas em todo o mundo, estimando-se que, a par destas duas outras patologias, venha a transformar-se numa das maiores causas de morte precoce a nível internacional.
Apesar de ser bem controlada na maior parte dos pacientes, cerca de um em cada 12 doentes apresenta uma resposta pobre ao tratamento, uma minoria que é responsável por cerca de 90% dos cuidados de saúde associados a este problema.
Clique AQUI para aceder ao resumo do estudo (em inglês).