Um grupo de investigadores portugueses descobriu que os rearranjos dos cromossomas, incluindo nas células cancerígenas, podem tornar-se benéficos caso o ambiente de crescimento onde se encontram seja alterado.
Um grupo de investigadores portugueses descobriu que os rearranjos dos cromossomas, incluindo nas células cancerígenas, podem tornar-se benéficos caso o ambiente de crescimento onde se encontram seja alterado.
Levado a cabo pelo Instituto Gulbenkian de Ciência (IGC), o estudo dá conta de que, enquanto alguns rearranjos cromossómicos são prejudiciais, outros são benéficos. Além disso, mesmo “os rearranjos aparentemente prejudiciais podem tornar-se benéficos” quando se altera o ambiente de crescimento.
Miguel Godinho Ferreira, líder da investigação, refere ter verificado que as posições dos cromossomas alterarem-se de um lado para o outro, mas sem alterar mais nada. Além disso, “algumas células começam a dividir-se mais rápido, outras a dividir-se mais lentamente, e, só pela mudança dos cromossomas, algumas têm vantagens e outras desvantagens”.
Em declarações à agência Lusa, o especialista conta que este é um trabalho que nunca tinha sido feito. Nele foi ainda possível dar conta de que as alterações “podem ser neutras e que as pessoas nascem, vivem, têm filhos e morrem, sem alguma vez saberem que havia rearranjos nos seus cromossomas”.
No entanto, por outro lado, há mudanças que têm efeitos, não só no cancro, como também noutras situações, como no caso da fertilidade. Seja como for, todas estas mudanças são “totalmente dependentes do ambiente em que estão os cromossomas”. Ou seja, embora uma arquitetura dos cromossomas seja negativa num determinado ambiente, se as condições do mesmo forem alteradas, passa a ser benéfica.
Desta forma, torna-se possível inferir como é que “as células cancerígenas, com rearranjos cromossómicos, conseguem adaptar-se e crescer mais depressa do que as células normais e como é que as pessoas com diferentes cromossomas podem ter problemas de infertilidade”.
A investigação abre ainda um novo caminho, “muito interessante”, para a questão da evolução das espécies, pois estes rearranjos “podem ter vantagens para um organismo que, no meio dos outros, pode começar a proliferar, a ter mais descendência”, dando-lhe uma vantagem, e no futuro “dar origem a uma nova espécie”.
No estudo, os investigadores analisaram como é que a variabilidade dos cromossomas influenciava a viabilidade das células e a sua capacidade para se dividirem. Quando se dividem, as células podem ter problemas, fazer erros, sendo depois transformados em doenças, como no caso do cancro.
“Há mutações destes rearranjos que vêm connosco, dos nossos pais, podemos ou não saber que existem, mas há mutações que acontecem ao longo da nossa vida e estas são aquelas que pensamos estão associadas ao cancro”, explicou o responsável.
Notícia sugerida por Maria Manuela Mendes