Segundo as conclusões do EPHE, o nível do consumo de fruta entre as crianças portuguesas varia consoante a classe social onde a criança se insere. Aquelas que provém de classes com mais rendimento são as que consomem mais fruta diariamente: cerca de duas peças por dia.
O nível educacional da família também influencia este comportamento uma vez que 50% das famílias com um nível de escolaridade mais elevado afirmam ter sempre fruta disponível em casa, contra os 30% dos pais de nível educacional mais baixo. De acordo com o comunicado do estudo EPHE, as crianças belgas e francesas são as que consomem menos fruta.
Já em relação ao consumo de hortícolas, todas as crianças que participaram no estudo afirmam consumir estes produto cerca de duas a quatro vezes por semana, independentemente do estatuto socioeconómico.
Quase 30% das famílias de classes mais desfavorecidas referiram que os mais novos consomem salada menos que uma vez por semana e metade das crianças com pais com níveis de escolaridade mais baixos consomem produtos hortícolas em conjunto com a família, contra os 65% daquelas que provém de um nível socioeconómico mais elevado.
Nível educacional dos pais afeta a capacidade de estabelecer regras
Deste modo, e conforme se pode ler no mesmo estudo, o nível educacional dos pais afeta a sua capacidade de estabelecer regras aos mais novos. Para além de comerem mais fruta, as crianças das classes sociais mais altas são também aquelas que passam menos tempo a ver televisão, em comparação com as crianças de nível socioeconómico mais baixo, ou com pais com menores níveis educacionais.
São estas que têm maiores probabilidades de ficarem com excesso de peso ou desenvolverem obesidade, uma vez que “os pais de menor nível educacional reportaram maiores dificuldades em manter um estilo de vida saudável”, no que diz respeito à disponiblidade de fruta e hortícolas, controlo do tempo de exposição ao ecrã, entre outros.
Para além do consumo de fruta e hortícolas, foram também comparados outros comportamentos, tais como o tempo passado a ver televisão e no computador, entre outros. Nestes campos, as portuguesas estão atrás das restantes crianças europeias. Segundo a mesma fonte, são as búlgaras e as holandesas que passam mais tempo em frente à televisão.
Neste estudo, foram consideradas, na primeira fase deste estudo, um total de mil e 200 crianças e respetivas famílias, provinientes de sete países europeus: Portugal, Bélgica, Bulgária, França, Grécia, Holanda e Roménia. Desta amostra, 631 crianças são rapazes e 635 raparigas, com uma média de idades de 7,17 anos.
Maia foi a cidade escolhida para participar neste projeto
O Projeto EPHE, é um projeto europeu, financiado pela União Europeia, e terá uma duração de três anos. O seu principal objetivo é avaliar as mais-valias da implementação de um sistema que visa reduzir a obesidade infantil e a adoção de estilos de vida saudáveis pelas crianças, e ver como ele ajuda na redução das desigualdades da saúde.
Os próximos passos deste programa são a definição de estratégias de intervenção na saúde das crianças e a promoção de uma vida saudável, capazes de “reduzir as desigualdades” na saúde dos mais novos.
Em Portugal, a cidade eleita para participar neste projeto foi a cidade da Maia, no âmbito do seu projeto 'Maia Menu Saudável', que visa tornar as ementas escolares mais saudáveis. A implementação do Projeto EPHE no país ficará a cargo da Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto, contando ainda com a parceria da Direção-Geral da Saúde.
Notícia sugerida por Elsa Martins