Aumentar a duração das aulas de educação física pode reduzir a probabilidade de as crianças virem a sofrer de obesidade. A conclusão é de um novo estudo que, pela primeira vez, traz evidências acerca do impacto direto destas aulas no peso.
Aumentar a duração das aulas de educação física pode reduzir a probabilidade de as crianças virem a sofrer de obesidade. A conclusão é de um novo estudo desenvolvido por investigadores norte-americanos que, pela primeira vez, traz evidências acerca do impacto direto destas aulas no peso dos estudantes do ensino primário e básico.
A investigação foi levada a cabo por John Cawley, professor da Cornell University, nos EUA, que trabalhou em conjunto com dois colegas de outras instituições de ensino universitário na análise de dados do Early Childhood Longitudinal Study, Kindergarten-Cohort (ECLS-K).
Trata-se de um estudo que recolheu números acerca da saúde e dos hábitos de recreio de uma amostra representativa de alunos desde o jardim de infância até ao 5º ano de escolaridade entre 1998-98 e 2004.
A decisão de estudar esta questão surgiu na sequência do facto de, considerando os elevados números de obesidade nos EUA, muitas organizações daquele país terem começado a defender o aumento da duração das aulas de educação física, recomendando que as crianças com idade até 17 anos passassem pelo menos uma hora por dia a fazer exercício físico.
Aulas mais longas podem ser arma contra a obesidade
De acordo com este estudo, aulas de educação física mais longas podem, de facto, ser uma boa solução no combate à obesidade infantil, pelo que Cawley e os colegas recomendam que, no caso norte-americano, os estados que estejam empenhados em reduzir este flagelo aumentem “a duração obrigatória das aulas de educação física”.
Para chegar a esta conclusão, os investigadores compararam o peso e o índice de massa corporal dos estudantes que integraram o ECLS-K estado a estado e concluíram que acrescentar 60 minutos por semana de educação física à carga horária dos alunos reduziu o risco de obesidade entre os estudantes do 5º ano em 4,8%.
O trabalho dos especialistas norte-americanos revelou, porém, diferenças nos efeitos obtidos através do aumento da duração das aulas de educação física consoante o género: este aumento mostrou ser mais benéfico para os rapazes (reduzindo significamente o seu peso), não apresentando impacto significativo no peso das raparigas.
Segundo os investigadores, esta diferença pode dever-se ao facto de, para os rapazes, a educação física ser, muitas vezes, complementada com outras atividades extracurriculares que incentivam ao exercício (como os desportos coletivos praticados fora da escola), ao passo que, para as raparigas, a educação física parece “substituir” a necessidade desse tipo de atividade em vez de a complementar.
De realçar que a equipa constatou também, ao longo do estudo, que passar mais tempo nas aulas de educação física não teve, em qualquer medida, consequências negativas ao nível do desempenho escolar nas outras disciplinas.
Clique AQUI para aceder ao estudo (em inglês).