"Salvar da ruína" a casa do cônsul português que salvou a vida a milhares de judeus é o objetivo do cordão humano que se vai realizar este domingo, 13h30, em Cabanas de Viriato, Viseu, onde fica a Casa do Passal que pertenceu a Aristides de Sousa Men
A casa do cônsul português que salvou a vida a milhares de judeus está já sem telhado e em perigo iminente de ruir. Para sublinhar a urgência das obras na casa de Aristides de Sousa Mendes, realiza-se, este domingo, 13h30, um cordão humano, em Cabanas de Viriato, Viseu. O evento marca, também, os 60 anos da morte do cônsul, que se assinalam esta quinta-feira.
Um grupo de cidadãos organizou-se espontaneamente, através da página do Facebook Aristides Sousa Mendes, para realizar este cordão humano que reforça a urgência das obras na Casa do Passal. “A situação está a deteriorar-se de forma dramática”, conta ao Boas Notícias António Gallobar, um dos impulsionadores do movimento.
Alguns dos cidadãos do grupo têm visitado o local e verificaram, diz António Gallobar, um escritor residente no Porto, que “a casa está em perigo eminente de ruir”. “Já tirámos fotos e posso dizer que, após este Inverno, a situação se deteriorou ao ponto do telhado ter caído, deixando as madeiras do interior e as escadarias a céu aberto”, acrescenta.
Fotografias registadas recentemente por António Gallobar e outros membros do grupo “Aristides Sousa Mendes” revelam um edíficio em perigo eminente de ruir
Em Setembro de 2013 foi anunciado que a Casa do Passal iria ser alvo, em breve, de obras de recuperação orçadas em 360 mil euros, para evitar a sua ruína. Entretanto, em Fevereiro, foi lançado um concurso público para adjudicação da empreitada mas ainda não há notícias quanto ao arranque das obras.
Este foi um dos projetos de recuperação de património apresentados pela Direção Regional de Cultura ao Programa Mais Centro, da Comissão de Coordenação de Desenvolvimento Regional do Centro, no âmbito do Quadro de Referência Estratégica Nacional (QREN).
De qualquer forma, António Gallobar sublinha que as obras orçamentadas na verba do QREN “preveem apenas a recuperação da cobertura e a sustentabilidade das paredes” o que “é insuficiente para valorizar e perpetuar a mensagem de Sousa Mendes”, o homem que, contrariando ordens de Salazar, salvou, a partir de Bordéus, cerca de 30 mil judeus do holocausto.
“Grito da sociedade civil”
O percurso do cônsul “é uma lição de vida, de humanidade e de patriotismo que merece mais. A Casa do Passal deveria voltar a abrir as portas como um pólo-cultural, uma Casa Museu que reflita o valor desta personalidade reconhecida internacionalmente”, acrescenta aquele que é um dos impulsionadores do cordão humano.
Para além do cordão, para a tarde de domingo, entre as 13h30 e as 17h00, está a ser preparado um conjunto de discursos alusivos à vida e obra do antigo diplomata e ainda uma homenagem com colocação de coroas de flores junto ao seu túmulo, no cemitério de Cabanas de Viriato, no concelho de Carregal do Sal, distrito de Viseu.
Na página do Facebook criada para assinalar este evento, que reforça a urgência das obras e também o 60.º aniversário da morte de Aristides Sousa Mendes, conta já com a adesão de quase 800 pessoas. “Este é um grito da sociedade civil contra o esquecimento”, conclui António Gallobar, sublinhando que esta “ação é espontânea e independente de qualquer interesse partidário ou institucional”.
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Notícia sugerida por Elsa Fonseca