Um grupo de biólogos marinhos australianos constatou que um sistema de corais remoto no Oceano Índico que sofreu fortes danos em 1998 conseguiu "regenerar-se" por si próprio de forma impressionante em apenas 12 anos.
Afinal, os sistemas de corais isolados conseguem recuperar de “danos catastróficos” tão eficazmente como os que se encontram rodeados por corais saudáveis. A conclusão é de um grupo de biólogos marinhos australianos, que constatou que um sistema de corais remoto no Oceano Índico conseguiu “regenerar-se” por si próprio de forma impressionante em apenas 12 anos.
Os investigadores do Australian Institute of Marine Science (AIMS) e do ARC Centre of Excellence for Coral Reef Studies (CoECRS) descobriram que os corais sobreviventes, mesmo isolados, conseguem crescer e propagar-se nos seus sistemas sem a necessidade da interferência de mão humana.
Desta forma, e a partir do exemplo do Scott Reef – o maior sistema de corais oceânicos da Austrália, sobre o qual incidiu o estudo – os cientistas vêm contrariar as crenças tradicionais, que sugerem que os corais isolados são mais vulneráveis à extinção, por se acreditar que dependem da “ajuda” dos seus “vizinhos” para se regenerarem.
Este sistema de corais sofreu um forte golpe em 1998, em consequência de um elevado aquecimento das águas, que causou a sua “descoloração” e a destruição de 80% da sua cobertura. No entanto, apenas 12 anos depois, o Scott Reef recuperou de uma forma que impressionou os cientistas, que esperavam que a recuperação levasse várias décadas.
“As projeções iniciais para este sistema de corais não eram otimistas”, explica James Gilmour, autor principal do estudo sobre o Scott Reef e biólogo marinho do AIMS. “Isto porque, ao contrário de outros sistemas, como a Grande Barreira de Coral, havia poucos corais na área circundante capazes de fornecer novos corais para substituir os perdidos”, acrescenta, em comunicado.
No entanto, os poucos corais que restaram “apresentaram excelentes taxas de sobrevivência e crescimento”, o que permitiu a recuperação. “É provável que um elemento chave desta regeneração tenha sido a clareza da água e a sua qualidade nesta localização remota”, considera Gilmour.
Os especialistas acreditam que é “encorajador” ver uma evolução tão positiva, mas alertam que “é necessário ter em conta que, mesmo assim, a recuperação do sistema de corais Scott Reef levou mais de uma década”.
“Se, como é sugerido atualmente devido às alterações climáticas, a 'descoloração' dos corais e outros problemas semelhantes passarem a ocorrer com mais frequência, estes sistemas poderão estar muito ameaçados, não tendo tempo para recuperar totalmente antes de sofrerem outro revés”, sublinha Gilmour.
De acordo com a equipa do AIMS, “proibir a pesca ilegal e melhorar a qualidade da água nas zonas com barreiras de coral” são medidas fundamentais para lhes dar capacidade de se regenerarem.
Clique AQUI para aceder ao resumo do estudo publicado este mês na revista Science (em inglês).