Em entrevista à agência Lusa, o administrador da JP Sá Couto, João Paulo Sá Couto, explicou que o negócio resulta de uma parceria de 18 meses com os ingleses da Tetratab que, “depois de terem visto um Magalhães, com as suas características principais de robustez e ergonomia, acharam que era um produto que podiam aplicar nos carros da polícia de Inglaterra”.
“Desde aí estivemos a criar algumas características técnicas necessárias para poder trabalhar neste sistema. O primeiro a ser testado em Londres foi em março de 2012 e, neste momento, já temos 1.500 carros equipados com este sistema. Para os primeiros seis meses de 2013 temos um 'business plan' de mais 10.000 unidades, num total de 20.000 unidades até final de 2013”, disse.
Segundo João Paulo Sá Couto, no âmbito da parceria com o fornecedor inglês de soluções móveis de comunicação de dados, coube à JP Sá Couto conceber e executar todas as adaptações técnicas ao equipamento – inicialmente concebido para utilização por crianças, nas escolas – de forma a adaptá-lo às necessidades das forças policiais.
“Todas as alterações técnicas na plataforma inicial do Magalhães foram feitos no nosso gabinete de inovação & desenvolvimento”, salientou o administrador, explicando que as principais mudanças passaram por uma maior definição do ecrã, maior capacidade da bateria e questões técnicas relacionadas com a ligação do computador a uma 'docking station' no automóvel.
De acordo com o empresário português, “a qualidade de construção da máquina foi muito valorizada em Inglaterra”, assim como o facto de se tratar de uma solução bastante económica.
“Mediante a crise que estamos a passar, este é um projeto 'low cost', há soluções idênticas três vezes mais caras que esta”, afirmou, revelando que “a solução completa [incluindo 'docking station', computador, 'software', teclado e assistência] poderá rondar os 2.000 euros”.
Considerando tratar-se do sistema ideal “para os carros de emergência, da polícia e de outras áreas de negócio a explorar”, João Paulo Sá Couto adiantou que, além das várias forças policiais em Inglaterra, decorrem já negociações para “entrar noutros países da Europa”, nomeadamente na Bélgica, Alemanha e Suíça.
“Para nós é uma nova área de negócio que consideramos muito interessante e vem confirmar que o Magalhães, que é a plataforma principal, continua a ser uma boa máquina, robusta e para qualquer tipo de nicho de mercado, em qualquer país”, afirmou.
Robusto, compacto, portátil e económico
Roger Marsden, agente comercial exclusivo da Tetratab no Reino Unido e ex-polícia, explicou que a empresa andava “à procura de um dispositivo 'tablet' que fosse robusto, compacto, portátil, mas, também, económico”.
“Em 2007/8 as forças policiais [no Reino Unido] usavam PDA, mas eram demasiado pequenos e não permitiam que se fizesse trabalho administrativo, como relatórios e autos, por isso procuravam um dispositivo maior. A única opção era muito dispendiosa e, então, reparámos neste equipamento da JP Sá Couto e pensámos que, se era suficientemente resistente para ser usado por crianças, então também era bom para os polícias, que são como as crianças e atiram as coisas para o chão”, gracejou.
Recorde-se que os portáteis Magalhães estão a ser utilizados em vários países no âmbito de programas educativos semelhantes ao e-escolinha (programa português entretanto cancelado pelo atual Governo), mesmo que com outro nome e fabricados localmente, como acontece na Argentina.
Em Portugal, o Governo rescindiu recentemente um contrato que tinha sido assinado em Março de 2011 com a empresa para apoiar o desenvolvimento de uma nova fábrica em Matosinhos. A fábrica pretendia fabricar computadores, motherboards e outros produtos e previa a criação de 200 novos empregos e vendas de 3,28 milhões de euros em 2016.
[Notícia sugerida por Diana Rodrigues]