“Mostra que, de facto, Coimbra é uma cidade solidária. Houve uma adesão massiva ao apelo e as ofertas suplantaram a necessidade”, explica ao Boas Noticias o coordenador do projeto “Livros para os Sentidos”, José Guerra, que refere que neste momento as inscrições para leitor-locutor já estão fechadas.
Os locutores voluntários são de todas as idades, desde reformados a pessoas ainda na vida ativa que queriam ajudar e emprestar a sua voz a este projeto. Contudo, alguns ficaram pelo caminho devido à disponibilidade limitada de muitos, já que a Biblioteca não funciona em horário pós-laboral.
De resto muitos jovens dos liceus locais e universitários aderiram ao projeto. Graças à grande afluência a Biblioteca fez audições para escolher os locutores que vão integrar o projeto. Os restantes ficarão em base de dados para futuras ações.
Há 20 anos que a Biblioteca Municipal de Coimbra disponibiliza um serviço de leitura para pessoas invisuais. O projeto de gravação conta com o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian que forneceu os materiais necessários que equiparão o estúdio que foi cedido pela Câmara Municipal.
“Não tínhamos tido ainda oportunidade para desenvolver este projeto, mas agora com o apoio da Fundação Gulbekian pudemos avançar já que financiaram o equipamento como os microfones e os programas informáticos”, avança o mesmo responsável.
Um livro, uma voz
No final de cada gravação os CD´s serão disponibilizados aos ouvintes que deles precisarem. Quem quiser poderá eventualmente levá-los consigo numa pen e no futuro poderão mesmo ser disponibilizados online. O objetivo é mesmo partilhar por quem precisa desta ajuda e continuar a mecânica de intercâmbio de audiolivros que já acontecia entre diferentes bibliotecas.
Cada locutor voluntário terá a seu cargo a leitura de uma obra completa. “O livro será iniciado e acabado pela mesma pessoa”, garante José Guerra que espera gravar ainda um livro de contos que esses, sim, poderão ser lidos cada um por diferentes vozes.
A disponibilidade de quem lê foi assim um dos critérios essenciais para ser aceite no projeto. Outro critério na escolha dos livros a serem gravados foi ir ao encontro das preferências dos leitores invisuais que por iniciativa própria deram a conhecer as suas expectativas depois de saberem deste projeto.
Condição essencial para cada obra ser gravada é que ainda não haja registo audio da mesma. “Não vale a pena repetirmos obras, mesmo as que estão em cassete conseguimos passá-las a formato digital”, refere ainda José Guerra que nos últimos dias garante ter estado ocupado a enviar respostas de agradecimento a todos os que se mostraram disponíveis para ajudar neste projeto.