Coimbra foi, a semana passada, a cidade em destaque no blog do jornalista norte-americano Seth Kugel, colaborador do New York Times.
Coimbra foi, a semana passada, a cidade em destaque na crónica do jornalista norte-americano Seth Kugel, colaborador do New York Times. Krugel desfrutou de três dias na capital dos estudantes e foi, aliás, a vida académica e os vestígios que deixa por toda a parte que mais o surpreenderam.
O jornalista começa por confessar as memórias que visitar uma cidade como esta pode trazer: vida em dormitórios, festas em excesso, longas noites de estudo e – algo menos familiar para quem estudou fora de Coimbra – deambulações “pelo campus universitário com roupa de vampiro”.
Krugel refere-se, naturalmente, ao traje académico, integrado naquilo que, conforme explica, é parte do “conjunto de roupas e tradições conhecidas por todos como praxe” criado ao longo dos muitos séculos de existência da Universidade que, datando de 1290, é uma “das mais prestigiadas escolas de Portugal”.
Na qualidade de turista, Seth Krugel conta até que aceitou doar um euro para ajudar estudantes vestidos a rigor na organização da Queima das Fitas em troca de uma fotografia, brincando ao dizer que “felizmente” nenhum tentou beber-lhe o sangue.
Mas Coimbra é mais do que apenas a mítica Universidade. O jornalista encontra também espaço para falar da Alta e da Baixa da cidade. A primeira, predominantemente ocupada com “edifícios universitários e apartamentos de estudantes cobertos com graffitis”. A segunda “carregada de lojas, restaurantes e outras atividades comerciais”.
Uma viagem até 1950 – ou 1590
Krugel realça, no entanto, que em ambos os locais “as igrejas ancestrais, as praças pitorescas e a quase total ausência de lojas de cadeias internacionais dão a sensação de que nos encontramos na década de 1950 – ou de 1590”.
O norte-americano visitou também lugares como o Paço das Escolas, onde conversou “com estudantes de Direito que fumavam nas arcadas” e subiu vários lances de escadas que ofereciam “sucessivamente vistas mais incríveis da cidade”.
Além disso, deixou-se fascinar pelo facto de ter encontrado pessoas de todo o mundo, desde brasileiros a guineenses, passando por angolanos e macaenses, admitindo que “aprendeu depressa que os brasileiros estão em todo o lado, tal como estudantes e residentes das várias antigas colónias portuguesas”.
E, antes do final da viagem, Krugel ainda ouviu o Fado, a “música melancólica” que “difere significativamente do mais conhecido estilo lisboeta”, já que os cantores são sobretudo homens e atuam, em geral, em duetos ou grupos tocando uma guitarra diferente.
Segundo Seth Krugel, o grande atrativo da viagem foi um ponto cultural: o Museu Académico, onde pôde ver, entre outras coisas, a evolução das “capas de vampiro” ao longo dos anos, bem como as guitarras de Coimbra e as ferramentas utilizadas na praxe.
Desilusões, apenas a impossibilidade de provar “segredos de porco preto com ananás”, que o obrigou a contentar-se com um filete de pescada, e o facto de, ao tentar “compensar o prato com alguns extras”, ter tido de pagar, à parte, o pão, o queijo e as tradicionais azeitonas.
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[Notícia sugerida por Maria Manuela Mendes]