Num atelier, na zona velha do Porto, juntam-se todas as semanas 17 mulheres com mais de 50 anos que transformam roupa velha em peças novas.
Combater o isolamento de cidadãos seniores e promover as suas competências na área da costura criativa é o objetivo do projeto “Vintage for a Cause”. O trabalho original destas 17 mulheres que dão nova vida a roupa velha conta com a colaboração de estilistas profissionais e, algumas das peças, já participaram em desfiles de moda.
por Joana Genésio
Graças à sua mãe, costureira de profissão, Helena Silva, uma jurista de 34 anos, cresceu “a ver costurar e transformar roupa”. Quando se mudou para o Porto, onde reside atualmente, foi morar para uma zona mais envelhecida da cidade e apercebeu-se do crescente isolamento dos mais velhos.
Para ajudar a combater este problema, Helena começou a dar forma à ideia de criar um clube de costura para mulheres com mais de 50 anos. “Tinha muitas vizinhas com idades entre os 50 e 70 anos”, conta Helena ao Boas Notícias. “Tinham roupas lindas mas que precisavam de ser adaptadas aos dias de hoje. E todas tinham máquina de costura, pois antigamente costurar fazia parte da educação”, acrescenta.
Helena queria promover um núcleo de integração e criatividade, onde as mulheres desta faixa etária e sem atividade profissional, “ganhariam novas rotinas e passariam a sentir que fazem parte da sociedade, tendo um novo propósito de vida”.
Com a ajuda de mais duas amigas – Isabel Fontes e Márcia Coelho – o “Vintage for a Cause” entrou em funcionamento em Fevereiro de 2013. O apoio da Fundação EDP, entidade que premiou o projeto no EDP Solidária 2013, foi fundamental para transformar a ideia em realidade.
Katty Xiomara e outros estilistas profissionais
Uma produção de moda realizada com peças do “Vintage for a Cause”
Graças à criatividade destas mulheres o projeto já transformou dezenas de roupas velhas, dando-lhes um “toque” diferente, um “design exclusivo e original”. “Tudo é feito com os materiais existentes e, muitas vezes, duas peças resultam numa, ou fazem-se peças com tecidos novos, incoporando-se partes de outras peças usadas”, explica a responsável.
A qualidade e originalidade das peças criadas levou inclusivé as roupas deste clube de costura a desfiles de moda, leilões e feiras urbanas. “Organizámos já um desfile, integrado no Foz Arte 2013 e um leilão com desfile na Quinta da Bonjóia”, sublinha orgulhosa a mentora do projeto. A participação de estilistas de renome no projeto – como Katty Xiomara e André Gandra – tem ajudado a reforçar o crescimento desta 'marca' social.
Estas parcerias surgiram devido à iniciativa da própria Helena Silva. “Um dia, ia do trabalho em direção ao metro e dou de caras com o atelier da Katty Xiomara, toquei à compaínha, falei com ela cinco minutos sobre a ideia de a convidar a participar no projeto e ela aceitou”, conta a responsável. Entretanto, já participaram no projeto outros criativos como Mariana Fonseca, Sérgio Correia e Abeth Farag.
No clube de costura, o papel dos designers profissionais é colocar a sua experiência e criatividade ao serviço do projeto. Orientam as transformações, participando “de acordo com a sua disponibilidade. Para além do nível de qualidade e do valor que imprimem nas peças que ajudam a produzir, “estimulam” as próprias participantes, que sentem o seu trabalho validado por “figuras conhecidas e doutras áreas”.
Saber costurar também não é um requisito para entrar no clube, “já que o número de peças e a natureza das transformações não obriga ao domínio de técnicas de costura mais elaboradas”, explica a responsável. Helena esclarece ainda que o objetivo é apenas “oferecer uma atividade ocupacional” mas admite que, ao reforçar competências, estes ateliers poderão ajudar na altura de procurar emprego ou uma ocupação profissional.
A frequência no clube é gratuita e não envolve remuneração já que as receitas obtidas servem para financiar o projeto, contribuindo para o pagamento das rendas e de todo o tipo de materiais necessários.
Comprar nas lojas ou online
O projeto está sediado na rua de Sta. Catarina, no Porto, e é aí que os produtos estão mais presentes. Com preços que variam entre os 30 e os 80 Euros, as peças podem ser adquiridas online ou em duas lojas da Invicta situadas na rua Miguel Bombarda – a Flapper e a Magasin.
A criação de lojas ‘pop up’ – espaços comerciais que surgem em vários pontos, de forma inesperada e com tempo limitado – é outra das ideias que está também em cima da mesa, assim como, replicar o conceito noutras áreas do país e, num futuro mais distante, em centros urbanos europeus.
Aumentar a qualidade da roupa, com a contratação de uma costureira profissional, e aperfeiçoar o modelo de negócio são os próximos passos do projeto. Neste momento, o 'Vintage for a Cause' conta com 17 colaboradoras, um número que Helena espera que se multiplique e que chegue, pelo menos, a 200 pessoas”.
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