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Cirurgia pioneira muda a vida de menino sem orelhas

Um menino britânico nascido sem orelhas, que recuperou a quase totalidade da audição graças a uma série de procedimentos, acaba de concretizar o seu derradeiro sonho - deixar de sentir-se diferente - por intermédio de uma cirurgia pioneira.
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Um menino britânico nascido sem orelhas, que recuperou a quase totalidade da audição através de uma série de procedimentos, acaba de concretizar o seu derradeiro sonho: deixar de sentir-se diferente e ter uma aparência idêntica à de todas as outras crianças da sua idade graças a uma técnica pioneira que permitiu criar duas orelhas a partir de cartilagem das costelas.
 
Kieran Sorkin, de nove anos, nasceu surdo e com uma deformação congénita denominada microtia bilateral que faz com que o ouvido externo apareça subdesenvolvido (sob a forma de pequenos “lóbulos” em vez de orelhas totalmente constituídas) e que afeta cerca de um em cada 100.000 bebés. 
 
Esta condição de saúde levou a que, durante vários anos, o pequeno Kieran tivesse de enfrentar, na escola, os comentários desagradáveis e a estranheza dos colegas. Porém, uma cirurgia inovadora efetuada recentemente no Great Ormond Street Hospital, em Inglaterra, acaba de mudar a sua vida para melhor.
 
A equipa responsável pelo procedimento, coordenada por Neil Bulstrode, cirurgião plástico e reconstrutivo pediátrico, realizou uma operação de seis horas durante a qual colheu cartilagem das costelas de Kieran, moldando-a, depois, para 'desenhar' as orelhas com base em imagens das orelhas da mãe do menino, com vista a que ficassem idênticas ao que teriam sido sem a existência da patologia.
 
As novas “orelhas” foram, posteriormente, implantadas sob bolsas de pele e os cirurgiões utilizaram sucção para lhes dar a forma e contornos ambicionados. “As reconstruções bilaterais costumam ser feitas uma de cada vez, mas com o Kieran quisemos fazer ambas ao mesmo tempo para que as orelhas ficassem equilibradas e obtivéssemos melhores resultados”, explica Bulstrode em declarações à agência Press Association. 
 
Segundo o profissional de saúde, “trata-se de uma operação complexa, mas que traz melhorias significativas à qualidade de vida das crianças” com este problema. “A confiança [delas] aumenta exponencialmente e os resultados escolares também melhoram”, assegura Bulstrode, que acrescenta que as novas orelhas deverão durar “por serem feitas de cartilagem e não uma prótese”. 

Com o auxílio de aparelhos auditivos e das suas novas orelhas, Kieran consegue agora ouvir “o vento a soprar e os passarinhos a cantar”, partilha o pai, David Sorkin. “A reação dele foi apenas um: 'Uau!'. Está muito feliz. Não podíamos ter desejado um melhor resultado”, assegura o progenitor, que acredita que a cirurgia aconteceu “no momento certo” para o desenvolvimento do filho.

Notícia sugerida por Maria Manuela Mendes

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