Um grupo de cientistas britânicos conseguiu devolver a audição a gerbos - uma espécie de roedores - através do uso de células estaminais embrionárias de seres humanos, um enorme passo que poderá vir a ajudar pacientes com surdez incurável.
Um grupo de cientistas britânicos conseguiu devolver a audição a gerbos – uma espécie de roedores – através do uso de células estaminais embrionárias de seres humanos. Para os investigadores, este é um enorme passo que poderá vir a ajudar pacientes com surdez incurável causada por danos nos nervos.
Esta quarta-feira, a equipa, coordenada por Marcelo Rivolta, da Universidade of Sheffield, no Reino Unido, salientou que o procedimento ainda precisa de passar por mais testes para garantir a sua segurança e eficácia a longo prazo, mas que, em qualquer dos casos, os resultados marcam um avanço significativo no campo da medicina regenerativa.
Os cientistas escolheram gerbos – em vez dos habituais ratinhos de laboratório – para os testes realizados porque a audição destes animais é semelhante à dos humanos. Foi-lhes, então, administrado um fármaco que danificou os seus nervos auditivos e, depois, cada um recebeu cerca de 50 mil células estaminais embrionárias, previamente “transformadas” em células dos ouvidos.
Segundo o estudo, publicado na revista Nature, as células estaminais humanas proporcionaram nos roedores uma recuperação de 46% na audição, medida através de sinais elétricos nos cérebros dos animais.
“Se estivessemos a falar de um ser humano, esta recuperação significava passar de um estado em que não se conseguia ouvir um camião a passar na rua para outro em que se consegue manter uma conversa”, explicou Rivolta aos jornalistas.
“O que o nosso estudo mostra é uma recuperação funcional com recurso a células estaminais humanas, o que é único”, acrescentou, citado pela Reuters.
Ensaios com humanos dentro de poucos anos
A surdez é, maioritariamente, causada pela perda de células no ouvido e nos nervos auditivos. Dado que essas células são criadas apenas no útero materno, não há forma de as reparar se sofrerem danos, o que resulta numa incapacidade total de ouvir.
Embora os implantes ofereçam uma solução parcial para o problema, não há tratamento para os danos nos nervos auditivos, responsáveis por cerca de 10% a 15% dos casos de surdez profunda.
De acordo com Rivolta, o tratamento com células estaminais embrionárias poderá ser uma boa solução, tendo, inicialmente, como alvo os danos nervosos mas tendo também potencial para ser usado num espetro mais amplo de pacientes quando combinado com a utilização de implantes.
Os primeiros pacientes poderão vir a receber estas células estaminais com vista à recuperação da audição em ensaios clínicos já “dentro de poucos anos”, concluiu o investigador.
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