Uma investigação internacional, na qual participaram cientistas do Centro de Neurociências e Biologia Celular de Coimbra, dá a conhecer que há "processos reversíveis envolvidos no envelhecimento".
Uma investigação internacional, na qual participaram cientistas do Centro de Neurociências e Biologia Celular de Coimbra, dá a conhecer que há “processos reversíveis envolvidos no envelhecimento”.
Liderado pelo biólogo David Sinclair, da Harvard Medical School, em Boston, nos EUA, o estudo foi feito com “ratos sujeitos a um processo de envelhecimento até 30 meses” e incidiu sobre as mitocôndrias, “organelos que vivem dentro das nossas células e fabricam a energia essencial no organismo para a realização de funções vitais”.
Já identificadas como “atores principais no envelhecimento”, as mitocôndrias têm vindo a ser alvo de diferentes tipos de análise por especialistas de todo o mundo. Agora, a equipa onde também estão presentes investigadores portugueses conseguiu verificar que, aquilo que “acelera o envelhecimento é a diminuição dos níveis de NAD+ (nicotinamida adenina)”.
Em comunicado enviado ao Boas Notícias, a Universidade de Coimbra explica que essa redução de NAD+ dá origem a uma quebra na “comunicação entre o núcleo e a mitocôndria da célula”, que se realiza através de um “processo que envolve as sirtuínas (proteínas)”, determinantes na regulação do “agente responsável pela recuperação da comunicação intercelular”.
No entanto, ao ser administrado um “composto endógeno, que permite que as células reponham os níveis de NAD+”, a comunicação núcleo-mitocôndria era reparada, juntamente com todas as funções mitocondriais.
De forma resumida, os investigadores sustentam ter conseguido “voltar a ligar o interruptor para reativar as funções comprometidas durante o processo de envelhecimento”, aludindo à a história contada n' “O Estranho Caso de Benjamin Button”, onde um bebé invulgar com aparência e doenças de um indivíduo de 80 anos rejuvenesce com o passar do tempo.
“É uma anologia interessante, mas que ainda está longe da realidade”, dizem os especialistas.”O que o estudo revela é a reversão de alguns processos envolvidos no envelhecimento, não uma inversão da velhice à infância”, sublinham, adiantando que “as experiências revelaram que um ratinho de 30 meses passa a apresentar características funcionais de um ratinho de seis meses, tendo por referência os parâmetros avaliados.
Ainda assim, a equipa envolvida na avaliação da função mitocondrial alerta que “ainda são necessários muito mais estudos para verificar o impacto, muito promissor, dos resultados desta pesquisa, quer nas patologias relacionadas com o envelhecimento, quer no cancro, diabetes” e outras doenças.
Notícia sugerida por David Ferreira