Com apenas 26 anos, Renata Gomes é “a mais jovem candidata” a ganhar a medalha de prata dos Science, Engineering and Technology (SET) for Britain. O Silver Certificate foi atribuído à cientista portuguesa no parlamento britânico, na semana passada, graças a uma nova tecnologia que facilita a regeneração cardíaca após enfarte.
Natural de Barcelos, mas desde cedo a viver em Londres, Renata Gomes está a fazer o doutoramento na Universidade de Oxford sob a orientação de Lino Ferreira, cientista da Universidade de Coimbra.
A investigação prende-se com a utilização de materiais nanotecnológicos, chamados micro-ARN, nos tecidos cardíacos para aumentar a eficácia dos transplantes de células estaminais que conseguem regenerar o tecido lesado.
Técnica permite regenerar músculo cardíaco
Ao Boas Notícias, a jovem portuguesa explica que os fragmentos genéticos utilizados, os micro-ARN, “permitem silenciar a função de certos mensageiros dos genes”, fazendo com que “as células não entrem em autodestruição” e, no caso do coração, permitindo “que as células estaminais sobrevivam quando são injetadas após um enfarte”.
Para já, a técnica ainda só foi testada em animais, pelo que pode “ter utilidade imediata em áreas veterinárias”, adianta a investigadora, acrescentando que até chegar aos testes humanos, o processo ainda tem um longo caminho a percorrer, mas que “dentro de alguns anos” poderá ser aplicado pelos médicos.
Investigação envolveu três países europeus
O SET for Britain é uma competição que pretende ajudar os políticos britânicos a entenderem o trabalho científico e tecnológico desenvolvido no país, homenageando as conquistas e o talento de jovens investigadores ligados à ciência, engenharia e tecnologia, em solo britânico.
A cientista portuguesa acredita que o que levou a investigação dos micro-ARN, entre 53 candidaturas, a receber o Silver Certificate e, ainda, uma quantia de 2000 libras (cerca de 2386 euros), foi o facto de esta “ser uma ideia original” e inovadora.
Renata considera ainda que o júri valorizou o facto do trabalho, que normalmente demoraria 8 anos a chegar à fase atual, ter sido concretizado em apenas 3 anos. A jovem destaca também as “implicações clínicas e económicas” que a invenção pode representar.
O trabalho financiado pela FCT (Fundação Ciência e Tecnologia) resulta de um esforço conjunto de várias universidades, entre elas a Universidade de Coimbra, a Universidade de Oxford e a Universidade London College, ambas em Inglaterra, e a Universidade de Kuopio, na Finlândia. Como resultado, Renata passou “os últimos três anos viver entre três países”.
Outras investigações de Renata Gomes
O prémio recebido na semana passada abre novas portas a Renata Gomes, que fica “em contacto com os ministros” do país, algo que lhe pode permitir o desenvolvimento constitucional de “novas plataformas de financiamento”.
Licenciada em Medicina Forense, a investigadora, que já só tem “família afastada” em Portugal, está ligada à medicina e bioquímica cardiovascular desde que fez o mestrado, tudo no Reino Unido. É a mais velha de quatro irmãs e, além da grande dedicação ao percurso profissional, gosta de praticar desporto, sobretudo esgrima: faz parte da equipa de esgrima da Universidade de Oxford.
Além dos próximos passos da investigação premiada, Renata Gomes está agora a trabalhar em outros projetos que, refere, “envolvem usos de vários tipos de células estaminais, desenvolvimento de novas técnicas de ressonância magnética por imagem e também o estudo comparativo de nanomateriais com vetores virais”.
[Notícia sugerida por Alexandra Luís e Patrícia Guedes]