Depois de o filho ter sido diagnosticado, logo aos 11 meses de vida, com diabetes tipo 1, um cientista norte-americano desenvolveu um pâncreas biónico capaz de controlar automaticamente a doença e que pode vir a revolucionar a vida de muitos doentes.
Depois de o filho ter sido diagnosticado, logo aos 11 meses de vida, com diabetes tipo 1, um cientista norte-americano desenvolveu um pâncreas biónico capaz de controlar automaticamente a doença. Os resultados mais recentes dos testes com o dispositivo foram apresentados este mês e mostram que a solução poderá vir a revolucionar a vida de muitos outros pacientes.
O engenheiro Ed Damiano, cujo filho, David, tem agora 15 anos de idade, começou por querer construir um pâncreas biónico por medo que os níveis de açúcar no sangue da criança caíssem drasticamente durante o sono, o que poderia ser fatal, e estabeleceu como objetivo conseguir a aprovação da autoridade norte-americana do medicamento (FDA) até 2017, ano em que David irá para a faculdade.
Após vários anos de trabalho, Damiano e a sua equipa concluíram, recentemente, dois ensaios clínicos com duração de cinco dias em que participaram 32 adolescentes e 20 adultos e nos quais esta alternativa se mostrou mais eficiente do que as bombas de insulina tradicionais e proporcionou maior segurança aos doentes no controlo do problema.
Este pâncreas artificial, que começou a ser testado em porcos em 2005 e que foi criado por Ed Damiano e o colega Firas El-Khatib, da Universidade de Boston, permite monitorizar regularmente os níveis de açúcar no sangue e determinar os níveis necessários de insulina, explica um comunicado divulgado pela instituição de ensino superior norte-americana.
O sistema é, no entanto, bem diferente do verdadeiro órgão em termos de aparência e funcionamento: é constituído por um monitor de glicose, uma bomba de insulina e outra de glicagina (uma hormona produzida pelo pâncreas responsável pelo aumento da glicemia) e um iPhone, que funciona com um algoritmo capaz de determinar as doses a administrar em cada momento.
Os três componentes do sistema vão ser transformados num só para a realização do ensaio clínico final © Universidade de Boston
Os resultados dos dois estudos com humanos efetuados em 2013 foram publicados esta semana na revista científica New England Journal of Medicine e dados a conhecer durante uma conferência da Associação Americana da Diabetes em São Francisco, nos EUA.
“Este foi um estudo muito ambicioso. Foi o primeiro teste do nosso dispositivo móvel e permitu aos voluntários caminhar por Boston, visitar restaurantes, museus e lojas, deu-lhes verdadeiramente a possibilidade de serem eles mesmos”, afirma Ed Damiano.
Os voluntários adultos foram acompanhados por enfermeiras, viveram num hotel durante cinco dias e tiveram toda a liberdade para passear durante o dia, ao passo que os jovens, com idades entre os 12 e os 20, passaram o mesmo período de tempo num campo de férias, “onde foram integrados em todas as atividades normais dos outros adolescentes”, explica o cientista.
A equipa está, atualmente, a iniciar um segundo ensaio num campo de férias, desta feita com crianças entre os 6 e os 11 anos e, durante o próximo ano, pretendem conduzir um estudo ainda mais ambicioso com 40 adultos de diversas universidades que poderão viver nas suas casas, ir trabalhar e estar a até uma hora de distância do local do ensaio clínico.
Damiano adianta que a fase seguinte será a realização de um estudo-piloto final que envolverá centenas de voluntários que usarão uma versão melhorada deste pâncreas biónico, que vai ser transformado num dispositivo único que englobe num só todas as funções que oferece neste momento.
Embora se trate de um grande desafio, o engenheiro norte-americano assegura que o seu propósito continua a ser cumprir o prazo que estabeleceu inicialmente, obtendo autorização para a utilização do sistema em contexto clínico dentro de três anos.
“Esperamos completar os estudos com o equipamento integrado em 2016 e submetê-lo à aprovação da FDA no início de 2017. Ainda temos esperança de que o mesmo seja aprovado na segunda metade de 2017”, conclui.
Clique AQUI para aceder ao estudo completo (em inglês).
Notícia sugerida por António Resende