Numa visita guiada pelo próprio diretor-geral do complexo, Daniel Ribeiro, ficámos a conhecer a Cidade do Futebol e as novidades para 2017.
Localizado na proximidade do Estádio Nacional do Jamor, tendo um acesso direto a este, o complexo incluiu o edifício sede da FPF, um centro técnico e um centro logístico. Uma configuração de zonas em “T” que, para Daniel Ribeiro, foi “pensada de forma otimizada porque todos os espaços convivem muito bem, sem se colidirem”.
O núcleo central acolhe a sede da FPF, com os seus departamentos administrativos, um centro de formação, restaurante/cafetaria e um auditório principal – onde decorrem várias conferências de imprensa, assembleias gerais e os sorteios da Taça de Portugal. Contudo, é no átrio de entrada da Cidade do Futebol que surge o ex-líbris do futebol nacional – a Taça de Campeões Europeus da Europa tem lugar de destaque na área de exposição, onde ainda figuram outros troféus da federação e suas seleções.
No centro técnico, “há cinco balneários para atletas, quatro para equipas técnicas, um ginásio equipado, outro não equipado”, mas também uma unidade de saúde e performance e piscina de hidromassagem com 54 jatos de água. Segundo o diretor, inicialmente este centro de hidroterapia seria um spa para os jogadores, mas depois de avaliado pela equipa médica da federação, foi “construído com todos os meios tecnológicos para a recuperação muscular dos jogadores. Ou seja, eles podem fazer um treino e depois um tratamento com água fria e quente”.
Daniel Ribeiro confidencia-nos que “depois de a seleção ganhar o Campeonato Europeu, e de os jogadores terem feito o passeio de autocarro por Lisboa, chegaram aqui completamente derreados”. Após cumprirem todos os compromissos que tinham, os atletas pediram para vir à piscina e “ficaram aqui a relaxar”.
O balneário da seleção principal tem ainda acesso direto aos três campos relvados e a outro meio para treino específico de guarda-redes. As instalações desportivas aqui existentes ficam completas com a bancada para cerca de 300 pessoas e um núcleo de escritórios destinado ao trabalho da equipa técnica e staff de apoio.
Quando questionado sobre como é gerida a ocupação de seleções neste centro técnico, Daniel Ribeiro afirmou que a FPF tem uma hierarquia. “As seleções principais têm prioridade e as seleções de formação, depende se estão apenas a realizar um estágio ou se estão a preparar uma competição oficial. Isso vai definir a prioridade entre as diversas seleções – é o núcleo do nosso planeamento”. Acrescenta que também estão “muito abertos a receber clubes ou seleções estrangeiras, quando tal não tenha impacto no treino das nossas equipas”.
Por sua vez, o centro logístico engloba os armazéns de material de treino e de equipamentos, arquivo, áreas de apoio ao tratamento e manutenção dos 32 000 m² de relvados, lavandaria, áreas para preparação das viagens e escritórios para as equipas de manutenção e segurança. Neste mesmo edifício está situado o centro de imprensa, com capacidade para 40 pessoas.
Ao longo da visita, Daniel Ribeiro destacou as especificidades deste centro de treinos.
Em primeiro, como edifício moderno que é, é altamente eficiente, com um certificado energético de nível A.
Preocupações como exposição solar, ventilação natural, sistemas construtivos das fachadas e aproveitamento da luz natural foram consideradas desde o início do projeto. Houve então uma aposta clara em painéis solares, muito úteis para o aquecimento das instalações e das águas.
A segurança do espaço também foi outro aspeto relevante. O responsável garante que a grande diferença é que, “em comparação com outros complexos, o controlo de acessos, as câmaras de videovigilância e sistema de segurança estão todos integrados num único sistema, para que não haja sistemas tecnológicos isolados no complexo”.
Pela sua experiência como gestor de eventos desportivos na Champions World, nos Estados Unidos, coordenador da organização do Euro 2004, em Portugal, e responsável pela organização de finais da Liga dos Campões, na UEFA, Daniel Ribeiro sabe que há centros de treinos de futebol com maior dimensão e meios mais avançados.
Dá o exemplo da federação holandesa, que acabou de construir um novo espaço, e afirma ter visto “o projeto da federação alemã, que é muito maior do que este em termos de quantidade de relvado”. No entanto, defende que “o nosso diferencia-se, e não tenho visto em qualquer outro até agora, mesmo nos mais recentes, pela polivalência para ser um espaço de eventos, para ser um espaço que no futuro tenha um conceito muito mais interativo para atrair público e que sirva quase todos os serviços da federação à escala que nós temos”. “O investimento aqui é muito menor porque a escala não é assim tão grande, já vi complexos desportivos de federações com cinco, seis, sete relvados, mas elas não têm mais equipas do que nós para os usar”, acrescenta.
Para Daniel Ribeiro “seria perfeito termos mais um relvado, mas também só duas ou três vezes no ano é que acontece uma seleção não poder treinar cá porque os três relvados estão a ser utilizados”. Efetivamente “a visão para este complexo foi pensada à escala daquilo que a federação é”.
Como breve balanço, o diretor da Cidade do Futebol revela que o espaço tem sido rentabilizado com a realização de eventos corporativos, externos à própria FPF. “Temos bastante procura e se algum cliente ficar na dúvida, ao ver a taça, fica logo convencido porque é sempre uma atração”. Assume-se como um perfecionista, garantindo ainda não ter chegado ao ponto de perfeição. A Cidade do Futebol “não está no seu potencial máximo e ainda bem porque se tivéssemos lá chegado não havia muito por onde crescer. Continuamos a ter experiências que nos vão testando”. Sabendo que os espaços podem ser utilizados de formas completamente diferentes, à medida que vão sendo desafiados com outras propostas, vão aperfeiçoando as infraestruturas para atingir o máximo e isso é o objetivo neste primeiro ano. Espera assim que o segundo, terceiro, quarto ano seja aperfeiçoar e “chegar ao limite onde não podemos fazer mais coisas com as infraestruturas que temos”.
Será possível aumentar as infraestruturas, perguntamos nós? Daniel Ribeiro dá-nos a sua resposta: “falta-nos construir um pavilhão para treinos de futsal e futebol de praia. É um projeto que neste momento está na direção e potencialmente será para avançar, mas isso ainda está em fase de desenvolvimento. Caso aconteça, é uma oportunidade para aumentar o espaço”.
Esta nova hipótese, perspetivada ainda para este ano, será crucial para “fechamos o círculo da família FPF em termos de instalações, o que nos irá abrir outras possibilidades para vermos o que nos falta complementar para os nossos objetivos, como seleção, administração e eventos externos”.
Com um investimento total de 15 milhões de euros, a Cidade do Futebol foi inaugurada a 31 de março de 2016 e, prestes a celebrar o seu primeiro ano de funcionamento, bem pode orgulhar-se. Na verdade, foi nestas instalações que Fernando Santos fez a preparação para o Euro2016. Foi também aqui que a seleção de sub-17 estagiou, acabando por também se sagrar campeã europeia.
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