Embora já existam dispositivos cerebrais que auxiliam a vida de paraplégicos e tetraplégicos em todo o mundo, ainda não tinha sido desenvolvido nenhum elemento capaz de devolver totalmente a mobilidade a estes indivíduos.
De acordo com o comunicado divulgado pela instituição de ensino brasileira, a situação pode vir a alterar-se, graças ao “projeto e fabricação de chips implantáveis”, que recorre ao uso de materiais biocompatíveis para interfaces cibernéticas avançadas.
O maior desafio da área da biocibernética, que se prende com a possibilidade de rejeição, pelo organismo humano, do chip, era o principal entrave ao desenvolvimento da nova tecnologia. Neste momento, o problema da compatibilidade entre o dispositivo e o organismo humano já foi solucionado pelo investigador norte-americano Saddow, outro dos envolvidos no estudo.
Depois de ser aprovada pelo programa brasileiro Ciência sem Fronteiras, a investigação passou a contemplar uma parceria com a Universidade do Sul da Flórida, nos Estados Unidos. Foi durante esta fase que Saddow estudou diversos materiais semicondutores de modo a resolver a questão da biocompatibilidade.
Nas primeiras experiências com os chips, realizadas em cérebros de ratos, o material usado foi o silício. No entanto, este foi posto de parte depois de se verificarem infeções em consequência do implante dos dispositivos. Perante a situação, a equipa de Saddow voltou a testar os chips, mas com um material diferente, o carbeto de silício (3CSiC). Após 30 dias, os testes demonstraram que o tecido neural dos cobaias se manteve intacto, demonstrando ser aquele o material ideal.
Mario Gazziro, professor do ICMC e um dos autores da investigação, estima que até 2030 a tecnologia deverá tornar-se acessível a todos, o que contribuirá para uma diminuição significativa do número de pessoas portadoras de deficiências físicas.