Um "chip" contracetivo pode vir a substituir as pílulas convencionais. O implante, que está a ser desenvolvido por uma empresa norte-americana, é capaz de libertar diariamente hormonas, pode ser desligado com um clique e dura 16 anos.
Um “chip” contracetivo pode vir a substituir as pílulas convencionais. O implante, que está a ser desenvolvido por uma empresa norte-americana, é capaz de libertar diariamente hormonas, pode ser desligado remotamente com um clique num botão caso a mulher queira engravidar e mantém-se eficaz durante 16 anos, sem necessitar de ser trocado.
De acordo com a revista internacional especializada MIT Technology Review, que avança a notícia, a inovação é da responsabilidade da firma MicroCHIPS, com sede no estado do Massachusetts, nos EUA.
Se passar com sucesso pelos testes de segurança e eficácia, este sistema poderá revolucionar a vida das mulheres graças à sua conveniência, já que um único implante tem potencial para durar quase metade da vida reprodutiva feminina.
O dispositivo, que mede aproximadamente 20x20x7 milímetros, destina-se a ser implantado sob a pele – nas nádegas, na parte superior do braço ou no abdómen – e liberta 30 microgramas diários de levonorgestrel, uma hormona já utilizada em vários outros tipos de contracetivos.
A quantidade de hormonas necessária para 16 anos de contraceção cabe num pequeno reservatório com 1,5 centímetros de largura no interior do “chip” e é protegida por uma barreira hermética de titânio e platina, explica a publicação norte-americana, acrescentando que a aplicação de uma pequena corrente elétrica através da bateria interna do implante derrete temporariamente esta divisória, permitindo a administração diária da hormona.
Para engravidar, basta que as mulheres desliguem o implante por meio de um comando; com outro clique, é possível reiniciá-lo. Os médicos podem também ajustar as doses remotamente, mas o sistema dispõe de uma garantia de segurança para que terceiros não possam interferir no funcionamento do “chip”.
A ideia de desenvolver este dispositivo surgiu há dois anos, quando Bill Gates e alguns colegas visitaram um laboratório do MIT – Massachusetts Institute of Technology e perguntaram aos cientistas se seria viável criar um implante para controlo da natalidade que uma mulher pudesse ligar e desligar quando quisesse e utilizar durante vários anos.
Os especialistas lembraram-se que a tecnologia de 'microchip' para libertação controlada de fármacos que a MicroCHIPS tinha inventado, da responsabilidade de Robert Langer, Michael Cima e John Santini, na década de 1990, e licenciado para aquela empresa, poderia ser a solução ideal.
De acordo com o presidente da companhia norte-americana, Robert Farra, citado pela MIT Technology Review, “a ideia de utilizar uma membrana fina como um fusível elétrico foi o mais desafiador e o mais criativo problema que foi preciso resolver” no desenvolvimento deste método anticoncecional.
O objetivo da companhia é agora dar início aos ensaios pré-clínicos do dispositivo durante o próximo ano e colocar o “chip” no mercado já em 2018.