O primeiro pavimento português que produz energia com base na passagem dos peões e dos automóveis vai começar, esta sexta-feira, a funcionar na Covilhã.
O primeiro pavimento português que produz energia com base na passagem dos peões e dos automóveis vai começar, esta sexta-feira, a funcionar na Covilhã. O sistema, desenvolvido por dois jovens engenheiros nacionais, vai gerar energia suficiente para iluminar o chão e alimentar os semáforos perto do hospital da cidade.
Os modelos “Waynergy” – nome do projeto – foram colocados, ao longo dos últimos meses, na estrada, passadeira e passeio em frente à instituição hospitalar. A partir das 12.30h de amanhã, começarão, por fim, a produzir eletricidade.
“[Além do pavimento e dos semáforos] também será possível alimentar o painel publicitário que fica no local, para fazer e dar a conhecer a medição da energia criada. Mais tarde, começaremos a injetar energia na rede”, contou à Lusa Francisco Duarte, um dos criadores do projeto.
Este vai ser o primeiro teste real do projeto, cujo desenvolvimento se iniciou há três anos, em parceria com a Universidade da Beira Interior (UBI). Desde então, Francisco Duarte, de 29 anos, e Filipe Casimiro, de 27, mestres em Eletromecânica, aperfeiçoaram a tecnologia, registaram a patente, criaram uma empresa – a Waydip – e conquistaram prémios e investidores.
“Conceito muito viável” veio preencher lacuna
De acordo com os jovens, a ideia surgiu do facto de sentirem que havia espaço para criar uma solução que produzisse energia aproveitando a mobilidade das pessoas. “O conceito parecia-nos muito viável. Lá fora já se tinham desenvolvido alguns mecanismos, mas não eram rentáveis”, explicou Francisco Duarte.
“A nível mundial faltava tecnologia que permitisse gerar mais energia com um custo de produção muito inferior”, de forma a possibilitar que “este aproveitamento fosse tão rentável como, por exemplo, o dos painéis solares”.
Em entrevista ao Boas Notícias em 2011, ano em que o projeto venceu uma medalha de bronze EEP Award, um dos principais prémios europeus nas áreas de energia e ambiente, Francisco Duarte falou sobre o funcionamento desta tecnologia.
Segundo o engenheiro, quando um automóvel ou uma pessoa caminha sobre a superfície, o seu movimento é absorvido pelas placas colocadas no pavimento. Depois, essa energia é convertida em eletricidade que pode ser “consumida” no espaço envolvente.
À data, o responsável adiantou que cada passo de um indivíduo poderá produzir até 10 watts, ao passo que a passagem de um veículo pode chegar aos 240 watts. Trata-se de um valor significativo se considerarmos que, durante um mês, é possível alimentar eletricamente uma casa com cerca de 200 quilowatts por hora, apontou.
Primeiro passo para a entrada no mercado
Esta sexta-feira dá-se, então, o último passo da investigação (embora a mesma vá continuar a ser melhorada) e o primeiro para a entrada no mercado. Francisco Duarte admitiu à Lusa que a ligação dos módulos será sentida de uma forma “especial e com grande emoção”, já que se trata de “uma nova fase do trabalho desenvolvido ao longo dos últimos anos”.
Para o engenheiro eletromecânico, está será uma “etapa importante para validar tudo o que foi desenvolvido em laboratório e verificar eventuais falhas”, antes de se dar início à produção e comercialização.
A aposta no mercado externo está entre os objetivos da Waydip que, para já, está apostada em obter o retorno financeiro de mais de 300 mil euros já investidos no projeto.
Clique AQUI para aceder ao site oficial da Waydip e saber mais sobre este projeto.
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