Investigadores suecos descobriram um mecanismo, até agora desconhecido, que faz com que o cérebro transforme células da glia em neurónios após a ocorrência de um Acidente Vascular Cerebral (AVC). O estudo foi divulgado este mês na revista Science.
Investigadores suecos descobriram um mecanismo, até agora desconhecido, que faz com que o cérebro transforme células da glia em neurónios após a ocorrência de um Acidente Vascular Cerebral (AVC). O estudo foi divulgado este mês na revista Science.
A equipa da Universidade de Lund e do Instituto Karolinska (Suécia) mostraram – num estudo em ratinhos – que, após um AVC, os astrócitos (células cerebrais da glia) reagem à lesão transformando-se em células estaminais neuronais.
”É a primeira vez que se demonstra que os astrócitos são capazes de gerar novos neurónios apos um AVC”, explica em comunicado de imprensa Zaal Kokaia, professor de Medicina Experimental na Universidade de Lund.
Os cientistas conseguiram ainda identificar o mecanismo de sinalização que regula a conversão (ou não) de astrócitos em neurónios. Num cérebro saudável, esta sinalização mantém-se ativa e inibe a formação de novos neurónios. Mas quando ocorre uma lesão que destrói neurónios, neste caso um AVC, a sinalização é suprimida o que desencadeia o processo de conversão de astrócitos em células neuronais.
Mesmo em ratinhos que não tinham sido alvo de AVC, os investigadores conseguiram ativar a conversão de astrócitos em neurónios, ao bloquear a sinalização.
Isto, diz a equipa, poderá dar origem a novas terapias para doenças que exigem o nascimento ou a reposição de neurónios, como a doença de Parkinson.
Kokaia e o seu colega Olle Lindvall foram dos primeiros investigadores, há cerca de 10 anos, a provar que o cérebro gera novos neurónios, na sequência de um AVC – uma capacidade que ajuda os pacientes a recuperarem das lesões (ainda que na maior parte das vezes a recuperação não seja total).
O maior progresso neste estudo é que demonstra, pela primeira vez, que esta autorreparação do cérebro é responsabilidade dos astrócitos, num processo que envolve a alteração da sua identidade.
”Até agora acreditava-se que as células neuronais do cérebro têm origem no neoestriado. Estes dados vêm sugerir que, talvez, parte destes neurónios nasça a partir dos astrócitos da glia”, conclui Kokaia no comunicado.
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