A música - em particular a música pop - pode ajudar os pacientes que sofreram graves lesões cerebrais a recuperar as suas memórias pessoais autobiográficas, concluiu um novo estudo.
A música – em particular a música pop – pode ajudar os pacientes que sofreram graves lesões cerebrais a recuperar as suas memórias pessoais autobiográficas. A conclusão é de um novo estudo desenvolvido por dois investigadores das universidades de Lille, em França, e Newcastle, na Austrália.
Embora a investigação apenas tenha coberto um pequeno número de casos, foi a primeira de sempre a debruçar-se sobre as “memórias autobiográficas invocadas pela música” (a que os autores dão o nome de MEAMs) em pacientes com lesões cerebrais adquiridas e não em indivíduos saudáveis ou com doenças neurodegenerativas como o Alzheimer.
Ao longo do estudo, recentemente publicado pela Taylor & Francis, os especialistas Amee Baird and Séverine Samson reproduziram aleatoriamente extractos de 100 canções que ocuparam a primeira posição do top “Billboard Hot 100” a cinco pacientes com lesões cerebrais.
As mesmas músicas, que tinham feito parte da vida dos voluntários desde os cinco anos de idade, foram também ouvidas por cinco indivíduos saudáveis do grupo de controlo e foi pedido aos membros dos dois grupos que comunicassem o quão familiar era cada canção, se gostavam ou não de a ouvir e que memórias invocava.
Baird e Samson concluíram que a frequência de memórias autobiográficas “recuperadas” graças à música foi semelhante para os elementos dos dois grupos (38%-71% para o grupo de pacientes com lesões, 48%-71% para o grupo de controlo), sendo que a maioria dessas memórias diziam respeito a uma ou mais pessoas e a um período da vida e eram, em geral, memórias positivas.
Além disso, as canções que invocavam uma memória nos pacientes foram descritas pelos mesmos como mais familiares e mais apreciadas.
“Os resultados sugerem que a música é um estímulo efetivo para a recuperação das memórias autobiográficas e pode ser benéfica na reabilitação de problemas como a amnésia autobiográfica, embora somente em pacientes sem um déficit fundamental na capacidade de relembrar eventos passados e com uma percepção intacta da intensidade do som”, explicam os autores.
Os investigadores esperam que este trabalho incentive outros especialistas a desenvolver estudos mais aprofundados acerca das memórias autobiográficas invocadas pela música em populações com lesões cerebrais mais amplas e também em indivíduos saudáveis ou com diferentes patologias neurológicas.
O objetivo será aprender mais sobre a relação clara que existe entre a memória, a música e a emoção de forma a que, no futuro, seja possível “compreender completamente os mecanismos inerentes ao efeito único que a música tem na melhoria da memória”.
Clique AQUI para aceder ao estudo completo (em inglês).