Quando combinado com a radioterapia, um extrato de dois componentes da canábis é capaz de travar por completo o crescimento dos tipos mais agressivos de tumores cerebrais, concluiu um novo estudo.
Quando combinado com a radioterapia, um extrato de dois componentes da canábis é capaz de travar por completo o crescimento dos tipos mais agressivos de tumores cerebrais, concluiu um novo estudo desenvolvido por investigadores da Universidade de St. George em Londres, Inglaterra.
Os cientistas britânicos estudaram o tratamento dos tumores cancerígenos no cérebro em laboratório, tendo descoberto que a forma mais eficaz de combater a doença é a combinação de dois componentes químicos ativos da planta da canábis – os canabióides “canabidiol” (CBD) e “tetrahidrocanabinol (THC)” – com a radioterapia.
Atualmente, são conhecidos cerca de 85 canabióides mas, de acordo com a investigação inglesa, o CBD e o THC são os primeiros a apresentar um efeito “drástico” no atraso do crescimento dos tumores em ratinhos com cancro no cérebro quando utilizados ao mesmo tempo que a terapia de radiação.
“Os resultados são muito entusiasmantes. [A reação] dos tumores foi testada de diversas formas: sem medicamentos, apenas com canabióides, apenas com radiação ou com canabióides e radiação em simultâneo”, explica Wai Liu, principal autor do estudo da Universidade de St. George, em comunicado.
Segundo Liu, “aqueles que foram tratados com radioterapia e canabióides foram os que beneficiaram de resultados mais positivos e de uma drástica redução no tamanho [dos tumores”.
Em alguns casos, “os tumores desapareceram mesmo nos animais”, revela o investigador, acrescentando que estas conclusões são “um bom augúrio para os futuros estudos com humanos”, já que está em causa uma doença que costuma ser fatal.
“Os benefícios dos compostos da planta da canábis já eram conhecidos, mas esta redução drástica dos cancros cerebrais quando os combinamos com a radiação é algo novo e pode vir a ser promissor para pacientes que venham a sofrer deste tipo de situações graves no futuro”, finaliza Wai Liu.
Neste momento, a equipa de investigação, cujo trabalho foi recentemente publicado na revista científica Molecular Cancer Therapeutics, está a discutir a possibilidade de desenvolver um ensaio clínico com humanos em que os canabióides sejam combinados com a radioterapia.
O cancro no cérebro é particularmente difícil de tratar e, só no Reino Unido, ceifa cerca de 5.200 vidas por ano, apresentando uma taxa de sobrevivência a cinco anos após o diagnóstico de apenas 10%.
A canábis é, há muito, conhecida pelas suas propriedades medicinais e tem sido utilizada para aliviar sintomas associados ao cancro, ao HIV/SIDA, à esclerose múltipla, à anorexia, à ansiedade, à depressão e a muitas outras doenças.