O dispositivo criado pelo cientista da Universidade da Carolina do Sul (EUA) permite reativar o funcionamento correto dos neurónios e a capacidade que o cérebro tem de recordar experiências passadas.
Esta prótese neural ainda tem de ser testada em seres humanos, mas Theodore Berger (à esquerda) já conseguiu comprovar, com a implementação do chip em ratos e macacos, que é possível devolver a capacidade de gerar memórias.
“Não estamos a devolver as memórias individuais das pessoas ao cérebro. Estamos a desenvolver a capacidade de gerar memórias”, explica o cientista à revista norte-americana MIT Technology Review. Com a ajuda da sua equipa, Theodore Berger conseguiu mesmo devolver a um dos macacos utilizados na experiência, não só a capacidade de reter novas memórias mas também a capacidade de recuperar memórias de longo-prazo que tinham ficado perdidas.
Ao longo de mais de três décadas de estudo, o neurocientista foi desacreditado por vários especialistas que consideraram esta técnica impossível. “Há uns tempo atrás disseram-me que eu era doido”, conta Theodore Berger em entrevista à revista norte-americana do MIT.
Theodore Berger conseguiu perceber como o cérebro retém a memória
Ainda assim, Theodore Berger admite que a recuperação da memória é um “objetivo mais difícil” de alcançar. Os 35 anos de investigação foram preenchidos também pelo estudo do comportamento dos neurónios no hipocampo, estrutura que permite reter a memória.
“É muito claro. O hipocampo transforma as memórias de curto-prazo em memórias de longo-prazo”, explica o neurocientista. Contudo, Theodore Berger terá de aprofundar a sua pesquisa para entender como este processo funciona.
O cientista desenvolveu algumas teorias matemáticas que descrevem o modo como o cérebro é capaz de gerar estas memórias de longo-prazo, tendo já conseguido provar que as suas equações estão corretas.
“Não temos de fazer tudo o que o cérebro faz, mas será que conseguimos imitar pelo menos uma das coisas que ele realmente faz? Conseguimos modelar essa atividade e introduzi-la num dispositivo? Conseguimos colocar esse dispositivo a funcionar no cérebro? São essas três coisas que fazem com que as pessoas pensem que sou doido. Elas pensam que é demasiado difícil”, salienta Theodore Berger.