Ao longo do ensaio clínico, os investigadores concluíram que a velocidade de sedimentação e o nível de proteína C-reativa no sangue – parâmetros geralmente aumentados em doentes com EA – diminuíram significativamente na maioria dos doentes e mantiveram-se dentro dos valores considerados adequados. Três meses após o tratamento, verificou-se uma descida significativa do nível de dor, cansaço e desconforto. Essa melhoria tornou-se ainda mais evidente seis meses após a administração das MSC. Após um ano, os cinco doentes mantinham uma condição física estável e foi possível cessar o tratamento; em três deles, as melhorias foram tão significativas que permitiram parar toda a medicação de controlo da doença. Alguns doentes referiram também que conseguiram realizar determinados movimentos e exercícios após o tratamento, que não eram capazes de realizar antes.
Os doentes aos quais foram administradas MSC do tecido do cordão umbilical tinham idades compreendidas entre os 17 e os 44 anos e foram infundidos por via intravenosa, entre uma a três vezes, com intervalos de três meses.
Após a infusão, observou-se a ocorrência de febre em 60% dos doentes, facilmente resolvida, não tendo sido registado qualquer outro efeito adverso associado ao tratamento. Os autores consideram, por isso, que o tratamento com MSC do cordão umbilical é seguro em doentes com EA.
“A utilização de MSC em várias doenças autoimunes, como esclerose múltipla, lúpus eritematoso e artrite reumatoide, tem apresentado resultados promissores. O tecido do cordão umbilical assume-se como uma das fontes preferenciais de MSC, já que o processo de colheita é relativamente simples e é possível isolar uma quantidade significativa de MSC com grande potencial proliferativo a partir do cordão umbilical”, refere Bruna Moreira, Investigadora no Departamento de I&D da Crioestaminal.
A espondilite anquilosante (EA) é uma doença inflamatória crónica, que afeta principalmente a coluna vertebral, levando à fusão das vértebras, com perda de mobilidade do doente. Pode também afetar outras articulações, como as sacroilíacas (anca) e os joelhos. Os sintomas mais comuns são dor na região lombar da coluna vertebral e na anca e rigidez matinal. A EA é uma doença comum, especialmente entre os caucasianos (0,5-1% da população) e aparece sobretudo em homens entre os 20 e os 30 anos de idade. Nas mulheres, é menos comum e apresenta geralmente uma evolução mais favorável. Desconhece-se ainda o mecanismo responsável pela EA. Os tratamentos convencionais incluem medicação com anti-inflamatórios não esteroides e têm sido desenvolvidos outros fármacos para controlar a doença.