O pequeno Abramham, como se chama o filho adotativo mais velho do casal, tinha sido vítima de maus tratos que fizeram com que ficasse com vários danos cerebrais e lesões por todo o corpo.
Solidário, o casal foi buscar a criança, que hoje tem 31 anos, é músico e está noivo. “Eu vi-o e tive a certeza de que ele poderia ser nosso filho”, conta Jeane à BBC, acrescentando ainda que soube “instantaneamente” que iria adoptá-lo.
Este foi apenas o primeiro dos 29 filhos adoptados dos Briggs, que atualmente residem no estado norte-americano da Vírginia Ocidental (considerado um dos mais pobres do país). Esta família tem crianças de países como a Ucrânia, o Gana, a Rússia ou a Bulgária, que convivem diariamente com os cinco filhos biológicos do casal.
A maioria das crianças são meninos que ninguém quis, como por exemplo Joseph, de 12 anos, originário da Ucrânia, que foi rejeitado e perseguido por ter o lábio leporino, isto é, uma fissura na região da boca entre o lábio superior e o nariz, e o palato fendido.
“Agora tenho uma família e não tenho de me preocupar com o que ficou para trás. Quando estava no orfanato, poderia ter morrido ou ter-me tornado um sem-abrigo. A vida tem sido ótima comigo apesar das minhas necessidades especiais”, explica Joseph.
Outro dos meninos resgatados é Andrew, uma criança com deficiência mental que, aos cinco anos, quando foi resgatado de um orfanato na Bulgária, pesava 7,5 quilos.
Estas crianças têm aulas em casa e muitos deles já conseguiram ir para a universidade e licenciarem-se.
Neste momento, o casal está num processo de adoção para trazer para casa mais dois bebés provinentes do Gana. “Eles têm três meses de idade e foram abandonados no mato”, conta Jeane, que, assim, passará a ter 36 filhos quando este processo ficar concluído, já no próximo mês.
“Não consigo esperar, é tão excitante”, conta Cate, uma das filhas, à BBC. “Eles são como um presente de Natal”, acrescenta outra filha, Leah, de 21 anos.
“Quando cheguei a casa vi uma data de gente a correr para mim para me abraçar. Estou tão contente de estar aqui. Não sei o que faria se não estivesse aqui, nem sei se estaria viva sequer”, diz por seu lado Tia, uma ucraniana de 18 anos, que foi adoptada pelo casal Briggs, juntamente com as suas duas irmãs, após ambas terem perdido a mãe e o avô, vítimas de tuberculose, e mais tarde o pai, que fora assassinado.
Muitas das crianças não têm família
Muitas das crianças não têm família nos seus países de origem, outras nunca souberam nada dos seus parentes, mas algumas, por incentivo de Jeane, vão mantendo contato com os seus familiares, através do telefone, e de fotografias enviadas que a mãe adoptiva faz questão de lhes enviar periodicamente, para mostrar que os seus descendentes estão bem.
Cada adopção demorou prazos distintos – o mais rápido durou cerca de dois meses, o mais longo só ficou concluído após um ano e meio. Em muitos casos, Jeane e Paul conseguem acelerar o processo de adoção devido às necessidades médicas de algumas crianças. Antes de cada adoção, a matriarca pergunta ao resto da família se concordam com a decisão.
Durante estes 29 anos, a casa dos Briggs tem sido adaptada à medida que mais crianças vão chegando. Atualmente, a habitação possui nove quartos, em que dois deles são semelhantes a dormitórios. Instalada num terreno com cerca de 5 mil metros quadrados, a casa neste momento têm mais do dobro do tamanho original.
800 euros por semana
Mas esta não é a única despesa elevada da família. Todas as semanas, esta família gasta, em média, mil dólares (cerca de 820 euros) por semana, despesa que é suportada graças ao “bom salário” de Paul, mas que precisa de contar com uma boa gestão dos gastos, elaborada por Jeane, que desta forma garante que o dinheiro chega para todas as despesas.
“Não somos a típica família, não queremos ser uma família tradicional. Desafio as pessoas a pararem por cá e a virem visitar-nos”, explica Jeane à BBC.
Desde nova que Jeane, que sempre quis ter uma grande família, se preocupa com questões sociais, e desde essa altura que se interessa por tudo o que esteja ligada a adoções.
“Desde criança que sabia que iria adoptar e ter uma família enorme. Todas as crianças merecem ter uma família que lhes dê amor”, diz Jeane.
Na entrevista à BBC, esta mãe adotiva salienta que, antes desta aventura começar, desafiou, um dia, o marido a trabalhar como babysitter, para ver se ele tinha jeito para crianças. “Ele passou o teste e já estamos casados há 38 anos”, explicou.
Notícia sugerida por Maria Nova